Pedro Lucas está no jardim do bairro que escolheu para viver, em Lisboa. Já não mora em Copenhaga, onde nasceram os dois primeiros discos de Medeiros/Lucas - Mar Aberto (2015) e Terra do Corpo (2016), num vaivém de emails . Desenha o terceiro álbum da dupla, desta vez de uma maneira completamente diferente, que a geografia também o permite: "O Carlos [Medeiros] está com um café, eu estou com uma água das pedras e o João [Pedro Porto, autor das letras] provavelmente com uma água das pedras também, e estamos assim uma hora a cruzar referências e vão surgindo ideias",.O novo disco volta pois a ter a colaboração do escritor João Pedro Porto, que assina já as letras do Terra do Corpo. O novo trabalho, ainda sem nome - "há vários working titles, há um mais votado, houve um primeiro nome mas os managers acharam que era demasiado erudito, muito joão pedro portiano" - tem como tema a razão. "Se o primeiro disco era uma ideia muito romântica, um bocado escapista, depois havia um disco dedicado ao corpo, mais político, agora temos de ir para a razão. E é isso, vai ser um disco sobre a razão, o facto de sermos sermos seres pensantes, para o bem ou para o mal", diz Pedro Lucas. "Acabou por ser uma coisa muito construída em diálogo. Mas a ideia que tínhamos de emoção, depois de corpo físico e agora tinha de ser razão, é uma trindade assim superóbvia, sem problema nenhum. Gosto muito dessas coisas óbvias, quando mete geometria, triângulos, ou quadrados. Não sou místico, de todo, mas acho piada a isso", diz..Medeiros/Lucas vão para estúdio em setembro dar forma ao último trabalho, que tem já uma "história matriz", inspirada no "mito decisivo de Camus", que Pedro andava a ler e João já lera há uns anos ("e também lhe bateu muito na altura"). Vão gravar em setembro mas há uma música que já anda por aí, Lampejo. E vai estar esta noite no B.Leza (e no sábado em Serralves). "De resto ainda não está ensaiado, provavelmente lá para Loulé [Festival Med, 1 de julho] ou Sines [FMM, 26 de julho]..[artigo:505030].Estes concertos de verão, que ainda os vão levar ao festival Rudolstadt, na Alemanha (8 e 9 de julho) e ao Bons Sons (12 de agosto), desaguam em São Miguel, Açores, a 2 de setembro - a ilha de Carlos Medeiros e João Pedro Porto. Pedro Lucas, também açoriano mas do Faial, agora está em Lisboa, mais perto de outros músicos que os acompanham em palco: Ian Carlo Mendoza e Agusto Macedo..O novo disco, também cantado em português, vai ser editado em vinil e CD e haverá uma caixa especial, da tríade de trabalhos Medeiros/Lucas. Parece que há um tom de fim de festa e Pedro Lucas assume-o claramente: "Pode acabar aqui. Medeiros/Lucas pode bem acabar aqui, pelo menos em termos de percurso editorial. Depois logo se vê. A gente quando fez o primeiro não pensou fazer o segundo, tenho outras ideias que podem ou não passar por Medeiros/Lucas, não sei. Eu próprio tenho de esperar"..O melhor é ir saboreando. Hoje tocam no B.Leza, dentro do programa do MIL, festival com vários concertos e conferências. Depois, logo se vê..[artigo:4440538]