Um filme com o volume demasiado alto

"Tão só o Fim do Mundo", Xavier Dolan.
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Depois da histeria afetiva de Mamã (2014), a fúria sentimental de Tão Só o Fim do Mundo (Grande Prémio em Cannes). Enquanto realizador, o jovem Xavier Dolan tem vindo a criar, na soma com mais quatro longas-metragens, um projeto cinematográfico focado na disfunção familiar. E nesse trabalho autoral, erguido a partir dos seus próprios argumentos, a música é uma manifesta bengala estilística. Em Tão Só o Fim do Mundo temos mais uma prova disso, no episódio do reencontro de um escritor com a família, após 12 anos de ausência, para anunciar a sua morte iminente. Como é do interesse absoluto de Dolan, esta situação tem tudo para levantar a dinâmica e a intensidade dramática, mas é também terreno emotivo propício à execução de autênticos videoclips dentro do filme. Reunindo um elenco fabuloso - Gaspard Ulliel, Marion Cotillard, Léa Seydoux, Nathalie Baye, Vincent Cassel - em vigorosas interpretações (a exceção é Cotillard, numa personagem acanhada), o realizador não se contenta com a força dos atores, e ao quadro doloroso acrescenta, lá está, a excessiva camada de verniz musical.

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Classificação: **

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