Um festival com engarrafamento de estrelas
Na 69.ª edição do Festival de Cannes, que hoje começa, temos estrelas q.b. e uma comitiva de Hollywood bastante respeitosa. Todos anos as cerimónias da subida da escadaria vermelha atraem também famosos de outras áreas que aproveitam o mediatismo do festival para se promoverem. De notáveis do desporto passando pela moda e a música, cabem lá todos e têm direito a apresentação sonora nos altifalantes, enquanto o DJ põe música em altos berros.
No reboliço do protocolo há, contudo, um protocolo que funciona. As regras da red carpet são práticas e evitam atrasos e atropelamentos neste engarrafamento. Ou seja, cada estrela tem a sua hora de entrar no Palais e não há exceções para ninguém.
Woody Allen e os atores de Café Society são hoje os reis da festa.
George Clooney e Julia Roberts - Money Monster
Um dos maiores especialistas do mundo em enfrentar paparazzi em passadeiras vermelhas é George Clooney. O senhor está de volta a Cannes no mesmo ano em que já esteve em Berlim para promover o falhanço comercial dos Coen, Salve, César! Clooney tem uma paciência de santo para estas coisas e é raro faltar-lhe o sorriso.
O pretexto para a sua vinda amanhã é Money Monster, o thriller de Jodie Foster que o junta a Julia Roberts, por sinal nada pera doce nestas coisas de compromissos promocionais... Ontem, um jornalista holandês contava ao DN que a sua equipa de publicistas anda a recusar entrevistas...
Marion Cotillard - Juste La Fin du Monde e Mal de Pierres
É raro o Festival de Cannes não contar com Marion Cotillard. A maior star francesa costuma ter sempre um filme num festival, como aconteceu no ano passado com Macbeth, de Justin Kurzell. Cotillard na subida dos degraus é sempre sinónimo de glamour extremo. A atriz irradia uma classe genuína e a sua allure Chanel é sempre um acontecimento para os peritos de moda. Nessa componente, os vestidos de senhora são sempre muito escrutinados neste festival. No seu caso, serão por duas vezes: primeiro em Mal de Pierres, de Nicola Garcia, e em Juste a La Fin du Monde, de Xavier Dolan. Ter dois filmes nesta passarelle não é brincadeira.
Pedro Almodóvar - Julieta
Um dos maiores habitués do festival. O realizador espanhol chega a esta 69.ª edição com um sonho nada secreto: vencer pela primeira vez a Palma de Ouro depois de algumas vezes em que terá andado lá perto - Tudo sobre a Minha Mãe chegou a ser favorito e apenas se ficou pelo Prémio do Júri.
Normalmente, costuma ser muito efusivo na escadaria e brinca com os fãs fazendo muitas poses ao lado das suas chicas, mas neste ano em que o seu nome foi atirado para o caso dos Papéis do Panamá, vamos ver... Acresce a isso o facto de em Espanha este Julieta não ter sido propriamente um sucesso nas bilheteiras. Apostamos que não vai vestir um smoking convencional.
Russell Crowe - Bons Rapazes
Um dos maiores durões do cinema de Hollywood regressa à passadeira vermelha mais desejada do mundo. Logo ele que se tornou aqui estrela mundial após Los Angeles Confidencial.
O ator neozelandês vem a Cannes para apresentar Bons Rapazes, uma comédia de ação de Shane Black em que divide o protagonismo com Ryan Gosling.
Os dois na subida da escadaria prometem alguma improvisação e uma agitação forte. Segundo as más línguas, o ator pode aparecer mais pesado do que nunca. Bons Rapazes é um dos filmes em que o custo das entrevistas para os distribuidores é dos mais altos.
Kristen Stewart - Café Society e Personal Shopper
Tal como Marion Cotillard, Kristen Stewart é uma das figuras mais em foco no festival com dupla presença na seleção. Primeiro, desfilará como musa de Woody Allen em Café Society, comédia sobre os bastidores de Hollywood, e como fashionista em Personal Shopper, de Olivier Assayas, um olhar sobre o mundo da moda em Paris.
Depois de há dois anos ter maravilhado Cannes em As Nuvens de Sils Maria, a grande interpretação da sua carreira, torna-se interessante este regresso ao cinema francês (que a consagrou com o César) e a Assayas. A atriz é conhecida pelas suas caras de frete nestas obrigações de red carpet...
Steven Spielberg - O Bom Gigante
O regresso de Spielberg a Cannes traz nostalgia das grandes. Foi em 1982 que trouxe a Cannes a sua obra-prima, E.T. - O Extraterres-tre, projeção ainda hoje mítica, com o Palais a chorar baba e ranho e uma aclamação automática. Desta feita está na Seleção Oficial mas fora de competição com O Bom Gigante, porventura o seu filme mais infantil sobre um gigante bondoso, figura retirada da literatura de Roald Dahl. O monter des marches do filme inclui a presença de Mark Rylance, o vencedor do Óscar de ator secundário em A Ponte dos Espiões.