"Um ex-bancário consegue vender de sanitas a abrasivos"
Carla Santos Costa saiu da banca em 2012 "porque quis". Já não se sentia feliz naquele emprego. Mas os seis meses de desemprego foram "muito difíceis". Para aguentar a pressão "de se sentir inútil" começou a correr. Desde 2012 já correu quatro maratonas. "Quando saí, pensaram que eu estava maluca. Mas a família apoiou-me", afirmou ao DN/Dinheiro Vivo. Diz que foi o melhor que fez. Desde que saiu já passou por três empresas. Hoje é gestora de vendas/exportações da Indasa para a Europa. Com base em Aveiro, viaja muito e concilia a carreira com dois filhos. Na altura da saída do banco, aproveitou um plano de rescisões que esteve em marcha. Está feliz e realizada. "A banca é uma boa escola da parte comercial. Um ex-bancário consegue vender desde sanitas a abrasivos." Contou que viu ações menos éticas na banca. "Quando vim para a indústria, nas empresas havia quem se queixasse de como foi enganado em produtos financeiros", lamenta. Mas a banca foi um bom cartão-de-visita. "Depois tem muito que ver com a nossa forma de estar na vida. Há oportunidades fora da banca e ninguém deve ficar acomodado, sobretudo se vai trabalhar na segunda-feira infeliz." E deixa um conselho: "Não parem de se valorizar e acreditem em si próprios." Ver o copo meio cheio e procurar enchê-lo. Recomenda cursos, aprender algo novo, apostar na formação pessoal e profissional. "No banco, não fui coagida a sair. Saí por minha decisão e não foi nada fácil tomar essa decisão." E recorda que o seu momento de maior teste foi gerir os tempos mortos quando não tinha emprego. Aos 47 anos, Carla tem um novo objetivo pessoal: planeia participar numa prova de triatlo e já está a treinar ciclismo. "É preciso acreditar em si próprio, não desistir nem ficar à espera de que alguém vá fazer o que só nós podemos fazer. Darmos valor a nós próprios."