Um ensaio tão mau que terá servido para eliminar vários nomes
Portugal teve ontem a sua pior derrota desde que Fernando Santos é selecionador: 0-3 com a Holanda em Genebra, na Suíça, num jogo de preparação para o Mundial em que o campeão europeu esteve completamente ausente.
Foi um jogo tão fraco da equipa portuguesa, que se deu para alguma coisa terá sido para Fernando Santos começar a cortar alguns nomes da lista para o Mundial desde já. Até porque foi o último jogo antes da convocatória final para o Mundial da Rússia. Cancelo, expulso aos 61", é um caso; Manuel Fernandes pareceu fora do jogo; e Mário Rui também não deve ter vida longa em tempo curto (um bom tiro na segunda parte, ele que foi o 32.º jogador a estrear-se com o atual selecionador). André Gomes está numa enorme crise e Rolando também não foi propriamente o líder necessário na defesa. Fernando Santos, no fim, ainda disse que tinha tirado coisas da análise dos jogadores, ou seja, o jogo tem consequências.
Portugal esteve abaixo dos mínimos para um campeão europeu e estava a perder 3-0 ao intervalo. Havia nove jogadores diferentes na equipa nacional em relação ao jogo com o Egito de sexta-feira passada (ficaram Rolando e Cristiano Ronaldo, Mário Rui estreou-se), mas a Holanda, em 5-3-2, também tinha sete jogadores diferentes em relação à equipa que tinha perdido com a Inglaterra, na estreia de Ronald Koeman como selecionador dos laranjas.
Ao fim dos primeiros 45 minutos, Portugal tinha 59% de posse de bola absolutamente estéril, em zonas que não ameaçavam minimamente Cillessen, não tinha feito um remate (a estatística da FPF dizia 2, eu não vi nenhum). E perdia 3-0. E a outra oportunidade foi da Holanda, com uma grande defesa de Lopes. Antes, num contra-ataque, Depay marcou no primeiro remate a qualquer das balizas (emendando um mau remate de van de Beek), Babel marcou o segundo, de cabeça, num centro de de Ligt (um dos três centrais, que foi fazer de extremo) e, num livre lateral, de Ligt ao segundo poste deu de cabeça para trás e Van Dijk chutou de primeira, sem hipóteses. Digamos que sempre que passou do meio--campo, a Holanda ou fez golo ou esteve muito perto.
A Holanda jogava de forma compacta, Portugal de forma desgarrada e, a defender, aquele meio--campo com André Gomes a trinco foi um susto.
Entraram Gonçalo Guedes, André Silva e Luís Neto ao intervalo, depois Gelson, houve uma pequena reação, mas depois Cancelo foi expulso e tudo passava de difícil para impossível. Com João Moutinho, finalmente a equipa teve alguma estabilidade no meio-campo, com Gelson teve criatividade, começou finalmente a ter gente na área, teve uma ou outra oportunidade, mas não marcou mesmo.
A Holanda da segunda parte limitou-se a deixar correr o marfim, porque para um treinador novo e para uma equipa que ficou de fora das últimas duas grandes manifestações, ganhar com esta nitidez a campeão europeu só pode ser um grande impulso. Deu para estrear Justin Kluivert aos 18 anos, a mesma idade em que o pai, Patrick, fez o primeiro jogo pela seleção laranja - é o nono holandês a jogar na seleção depois do pai (outro foi o pai de Koeman, além de Cruyff e o seu filho). E Bas Dost nem entrou porque esta equipa para jogar com um ponta de lança fixo e alto só com equipas pequenas e em melhores condições.
Ronaldo jogou 68 minutos, sem brilhos a não ser num grande tiro de cabeça mas em fora-de-jogo, e depois num cruzamento que saiu remate (André Silva e Guedes estavam longe, porém...). Não valia a pena continuar depois dos 90 minutos de sexta-feira. Até porque a equipa estava descrente e a Holanda muito segura.