Um combate pela paz? Sim e abençoado pelo Papa Francisco

Luta entre o mexicano "El Canelo" e o britânico de origem paquistanesa Amir Khan realiza-se a 7 de maio, em Las Vegas, nos EUA.
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Um combate de boxe para promover a paz. Parece um contrassenso, mas vai mesmo avançar e com o apoio do... Papa Francisco. A novidade foi revelada a semana passada pela Rádio Vaticano, depois de uma audiência do Santo Padre com Mauricio Sulaiman Saldivar, o mexicano que preside ao Conselho Mundial de Boxe. A luta já tem data marcada - dia 7 de maio -, em Las Vegas, mas a nota oficial não mencionava os nomes dos pugilistas, dando apenas uma garantia: será um confronto entre um cristão e um muçulmano.

O anúncio, na altura, passou algo despercebido, pois coincidiu com a promoção de um jogo de futebol pela paz (dia 27 de maio, em Roma) que contará com a presença de atuais e antigas estrelas da modalidade, casos de Ronaldinho Gaúcho, Javier Zanetti e do sportinguista Bryan Ruiz, que esteve presente na apresentação. Mas logo nesse dia, a 4 de fevereiro, a Rádio Vaticano dava conta "de um combate de boxe entre um católico e um muçulmano".

Durante a audiência entre o Papa Francisco e o presidente do Conselho Mundial de Boxe, em que terão sido abordados temas relacionado com o combate, Mauricio Sulaiman Saldivar ofereceu mesmo ao Santo Padre um cinturão de boxe. E apesar de na nota do Vaticano não ter sido mencionado o nome dos dois pugilistas, já desde a semana passada que no México se sabe de mais pormenores. O combate será entre o mexicano Saúl "El Canelo" Alvarez (católico) e o boxeur de origem paquistanesa Amir Kahn (muçulmano).

Na realidade, o combate conta para o campeonato de pesos-médios do Conselho Mundial de Boxe, mas servirá ao mesmo tempo para enviar uma mensagem de paz do Papa Francisco, já que foi organizado no âmbito de colaboração entre o Conselho Mundial de Boxe e a associação Scholas Occurrentes, uma rede internacional que promove a cultura e o encontro de estudantes.

Antes da luta, será plantada simbolicamente no ringue uma oliveira, o símbolo da associação Scholas Occurrentes, dirigida pelo Papa, num combate de grande significado para Mauricio Sulaiman Saldivar: "Vai opor o católico "Canelo" a Amir Khan, um pugilista muçulmano que será o orgulhoso embaixador da mensagem da paz."

Boxe, um "desporto nobre"

Na audiência com o Santo Padre no início do mês, o presidente do Conselho Mundial de Boxe comprometeu-se ainda "a levar a mensagem do representante direto de Deus aos 165 países filiados" e a organizar mais provas com este cariz. "O boxe é a arte da defesa, um desporto que permite a jovens e crianças de escassos recursos deixar os vícios e fugir às tentações da criminalidade através do desporto. Quando toca o gongo e termina uma grande guerra, os dois pugilistas abraçam-se e reconhecem as suas virtudes", referiu Mauricio Sulaiman Saldivar, referindo que o boxe "é um desporto notável, dos pobres, e que leva a mensagem a todos os níveis", e acrescentando que "o pugilista é sempre alguém digno, honrado, que a lutar alcança o êxito".

Ainda no âmbito da colaboração com a Scholas Occurrentes, o homem forte do Conselho Mundial de Boxe pretende que os pugilistas filiados realizem visitas a escolas e orfanatos, e que sejam criadas clínicas de boxe para crianças e jovens, onde serão dadas aulas motivacionais e promovidos encontros para toxicodependentes.

Além do combate de boxe, um outro evento desportivo de maior dimensão será igualmente realizado em maio (dia 27) com o apoio do Papa. Trata-se da segunda edição do jogo da paz, em futebol, à semelhança do que aconteceu a 1 de setembro de 2014, e que contou com grandes estrelas (atuais e do passado) do desporto-rei, casos de Diego Maradona, Carlos Valderrama, Iván Zamorano e Javier Zanetti. Neste caso, ainda não é conhecida a lista completa dos participantes, mas em campo estarão Ronaldinho Gaúcho e o sportinguista Bryan Ruiz, que esteve presente na apresentação, a 4 de fevereiro.

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