Um autêntico desfile 'best of'

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Foi preciso esperar 20 anos para podermos ver ao vivo uma das mais importantes bandas da história da pop electrónica. Neil Tennant, a meio do concerto, fazia essa mesma pergunta «porquê tanto tempo?». A resposta ninguém a deu, mas a verdade é que a espera valeu a pena e a estreia portuguesa dos Pet Shop Boys foi uma noite de incrível desfile de canções que marcaram a história dos últimos 20 anos.

Sem álbum de originais para promover os Pet Shop Boys levaram ao palco instalado no Freeport Designer Outlet (em Alcochete) um autêntico sem fim de êxitos, partindo exactamente da receita da antologia Pop Art, acrescentando ao alinhamento apenas dois temas que nunca foram editados como single. Resultado: uma parada em jeito best of, com a multidão, que enchia literalmente o espaço disponível, a reconhecer e acompanhar alguns dos refrões, facto que ficou particularmente visível em Go West.

Palco simples, apenas decorado por pequenas colunas que se iluminavam de quando em vez, uma parafernália de teclados para Chris Lowe e pouco mais. Neil Tennant e companheiro foram pontuais, entrando em palco às dez da noite, agradecendo à chuva a não visita para um serão que assim ficou seco e bem vivido. Começaram por nos dar uma nova versão de Rent, um dos temas mais antigos de todo o alinhamento. De capa negra, concentrando nas vestimentas e gestos a pouca teatralidade da encenação simples, Neil Tennant fez as honras da casa com os habituais «boas noites» e «obrigados», falando todavia de Lisboa, quando na verdade estávamos a alguns quilómetros da capital. Ninguém se importou.

O desfile de canções entrou então em ritmo de festa para gostos dançáveis, com Flamboyant (um dos inéditos da antologia Pop Art) e uma leitura actualizada de West End Girls, o cartão-de-visita de há 20 anos que continua com sabor agradável e incrivelmente não datado (tal é o surto de clones que entretanto polvilham o circuito e reactivaram certas linguagens a que não são alheios os Pet Shop Boys). Sem cedências a temas obscuros de álbuns ou a lados B para o fã mais atento, o alinhamento prosseguiu com uma incrível sucessão de singles imediatamente reconhecíveis. Ouviram-se, então, Domino Dancing, Se a Vida É (fazia sentido cantar em Portugal a sua única canção com título em português, sim senhor), Suburbia... Mudança de roupa de Neil Tennant, agora de branco e com casaco de capa cinzenta clara. E as canções continuavam a desfilar: Being Boring, New York City Boy, Always on My Mind... Chris Lowe, concentrado nos teclados, de blusão prateado, boné e óculos escuros mal se mexia. Mal se via também a banda de suporte, um guitarrista, um baixista e um percussionista, literalmente atirados para o fundo do palco.

Sexy Northener e Love Is A Catastrophe foram as excepções numa noite dominada pelos hits. Bom som, bom ritmo em palco, mas uma falta de encenação notória, sobretudo quando comparada com outras produções do grupo. Uma palavra final para o local, tecnológica e formalmente bem apetrechado para a realização de concertos.

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