Ullrich, ex-rival de Armstrong, processado por doping
“Posso confirmar que recebemos um pedido da Fundação Antidoping Suíça (ADS) e por essa razão iniciámos procedimentos disciplinares”, afirmou Gerhard Walter, presidente da comissão antidopagem do Comité Olímpico Suíço, ao diário alemão Suddeutsche Zeitung, citado pela AFP.
A ADS é um organismo independente dedicado à luta contra o doping, co-financiado pelo Comité Olímpico suíço e pela Confederação Helvética. Um dos seus peritos legais, o jurista Bernhard Welten, explicou ao jornal germânico que, após anos de pesquisas e avaliações dos elementos que constam do dossier Ullrich, a ADS considerou “necessário e justificado” exigir um inquérito.
Ou seja, esta fundação decidiu avançar com um processo semelhante ao que há vários anos a federação de ciclismo suíça foi incapaz de fazer, porque o juiz de instrução espanhol encarregue da Operação Puerto, a investigação à maior rede de doping até agora desmantelada na Europa, proibiu a justiça desportiva de usar as provas recolhidas no inquérito criminal.
Ullrich, que em Outubro de 2006 abdicou da licença que lhe fora passada pela federação suíça, depois de ter sido demitido pela equipa T-Mobile, continuou a ser investigado pela justiça alemã, por alegada fraude. O ciclista germânico tentou sem sucesso impedir que o Ministério Público de Bona comparasse o ADN de nove das 200 bolsas de sangue apreendidas na Operação Puerto (o esquema gerido por médico Eufemiano Fuentes e o hematólogo Merino Batres vendia serviços de doping através de autotransfusões sanguíneas) e amostras recolhidas pelas autoridades helvéticas na casa de Ullrich, na Suíça.
Além de outras alegadas provas, os investigadores encontraram registos dos pagamentos feitos por Ullrich a Fuentes, nomeadamente 25 mil euros depositados pelo ex-corredor no HSBC de Genebra, numa conta do espanhol. Mas os advogados de Ullrich chegaram a acordo com os procuradores para encerrar o processo, com base numa especificidade do Direito alemão, pagando uma soma avultada como compensação.
Jan Ullrich, que sempre negou o seu envolvimento no caso Puerto ou no esquema de doping montado pelos médicos da Telekom/T-Mobile, descoberto na sequência da investigação ao ex-agente de Ullrich e antigo director desportivo da equipa, arrisca ser irradiado do desporto, pois é reincidente – em 2002 cumpriu seis meses de suspensão devido à detecção de anfetaminas num controlo surpresa realizado enquanto o corredor recuperava de uma lesão. O código mundial antidoping, seguido pelo ciclismo, determina que uma segunda infracção grave deverá ser punida com suspensão vitalícia.