A Ucrânia recebeu este sábado promessas de apoio contra Moscovo, no 90.º aniversário do 'Holodomor', a fome causada pelo regime de Estaline na década de 1930, que adquiriu novo impacto desde a invasão russa..O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, garantiu que o seu povo se manterá firme perante os ataques russos, que regularmente provoca grandes cortes de energia e água à medida que as temperaturas do inverno se aproximam.."Os ucranianos passaram por coisas realmente terríveis. E apesar de tudo mantiveram a capacidade de não obedecer e o seu amor pela liberdade. No passado, quiseram destruir-nos com fome, hoje com escuridão e com frio", afirmou Zelensky, num vídeo publicado no Telegram, citado pela Agência France-Presse.."Não nos podem quebrar", sublinhou..Vários líderes europeus viajaram hoje até Kiev para participarem nas comemorações do 'Holodomor', que a Ucrânia considera um "genocídio"..Segundo a comunicação social da Polónia e da Lituânia, os primeiros-ministros desses países, Mateusz Morawiecki e Ingrida Simonyte, que apoiam fortemente Kiev, estão de passagem para negociações sobre uma possível nova onda de imigração da Ucrânia para a Europa neste inverno..O Serviço da guarda fronteiriça da Ucrânia confirmou que Morawiecki "visitou Kiev e honrou a memória das vítimas do 'Holodomor'"..O primeiro-ministro belga, Alexander De Croo, também está de visita a Kiev, a primeira desde o início da invasão russa..Segundo a agência belga, o governante prevê disponibilizar um apoio financeiro adicional de 37,4 milhões de euros para a Ucrânia.."Cheguei a Kiev. Após os violentos bombardeamentos dos últimos dias, estamos com o povo ucraniano. Mais do que nunca", afirmou De Croo no Twitter..O chanceler alemão, Olaf Scholz, anunciou num vídeo uma ajuda adicional de 10 milhões de euros para apoiar as exportações de cereais da Ucrânia, impactadas pela guerra..O Parlamento alemão decidiu, esta sexta-feira, definir como "genocídio" o 'Holodomor', que causou a morte de cerca de 3,5 milhões de ucranianos através da coletivização de terras..A Rússia rejeita essa classificação, argumentando que a grande fome que assolou a URSS (União Soviética) no início dos anos 1930 não fez apenas vítimas ucranianas, mas também russas, cazaques e outros povos..O flagelo histórico cometido pelo regime estalinista na Ucrânia soviética, também designado como "A Grande Fome" ou "A Fome-Terror", fez, entre 1932 e 1933, cerca de 3,5 milhões de vítimas ucranianas -- aliás "Holodomor" significa em ucraniano isso mesmo: exterminação pela fome..A Roménia, a Irlanda, a Alemanha e o Vaticano foram, até agora, alguns dos países que atribuíram ao crime da era soviética a classificação que a Ucrânia vinha pedindo há anos e que adquiriu uma nova atualidade desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, a 24 de fevereiro deste ano, e durante alguns meses bloqueou a saída de cargueiros com cereais dos portos ucranianos, fazendo temer uma crise alimentar mundial..Na quarta-feira, o parlamento romeno aprovou um texto classificando o "Holodomor" como um "crime contra a Humanidade" e, na quinta-feira, foi a vez de o Senado irlandês aprovar uma resolução considerando-o um "genocídio do povo ucraniano"..No mesmo dia, também o papa Francisco falou sobre o assunto no Vaticano, utilizando o termo "genocídio": "Rezamos pelas vítimas desse genocídio e por tantos ucranianos -- crianças, mulheres, pessoas idosas e bebés -- que agora sofrem o martírio da agressão"...