Turquia na UE? Só lá para o ano 3000, diz Cameron

Na campanha para o referendo, secretária de Estado das Forças Armadas, Penny Mordaunt, afirmou à BBC que Reino Unido não tem poder para vetar adesão turca à União Europeia
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A Turquia tornou-se a mais recente arma de arremesso entre os partidários da saída e da permanência do Reino Unido na União Europeia durante a campanha para o referendo do dia 23 de junho. Mesmo se pertencem ao mesmo governo, liderado por David Cameron.

Questionada ontem no programa de Andrew Marr na BBC sobre se o Reino Unido tem o poder de vetar a entrada de novos países na UE, a secretária de Estado das Forças Armadas, Penny Mordaunt, afirmou: "Não... não tem." A governante, que faz campanha pelo brexit (Cameron deu liberdade aos membros do executivo para defenderem o lado com que mais se identificam), deixou ainda alguns alertas: "Um voto a favor da permanência [na UE] é um voto para permitir que os cidadãos da Albânia, Macedónia, Montenegro, Sérvia e Turquia se mudem para cá livremente assim que adiram à UE. Muitos desses países têm altas taxas de criminalidade, problemas com grupos e células terroristas, assim como altos níveis de pobreza."

A estas declarações a campanha pela saída britânica da UE acrescentou em comunicado: "Espera-se que a população do Reino Unido aumente mais um milhão em oito anos só com a imigração turca." A campanha pela permanência do país também respondeu, acusando o campo rival de estar a "alimentar a fogueira do preconceito" e de "usar um argumento desesperado".

Também o primeiro-ministro britânico reagiu às declarações da secretária de Estado, classificando-as como enganosas. "O Reino Unido e qualquer outro país da UE tem o poder de veto sobre a adesão de qualquer outro país. É um facto. Isto é muito importante, porque eles estão a dizer, basicamente, que é preciso as pessoas votarem para sair da Europa por causa desta questão da Turquia que não podemos travar. Isso não é verdade. Nós podemos impedir a adesão da Turquia", sublinhou David Cameron na ITV. E previu que os turcos, que apresentaram o pedido de adesão em 1987, não estarão preparados para entrar na UE "antes do ano 3000".

Neste contexto, o novo primeiro-ministro turco, Binali Yildirim, pediu ontem à União Europeia, durante o congresso do partido AKP, para "pôr um fim à confusão sobre uma plena adesão da Turquia" e o acordo sobre os refugiados.

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