Turquia, Egito e Tunísia desviam turistas ingleses e alemães de Portugal
Ingleses, alemães e holandeses estão a cortar nas viagens para Portugal. Contas feitas, os hotéis nacionais perderam 59 196 mil turistas britânicos desde o início do ano, menos 6,4% do que nos primeiros seis meses de 2017; alemães a procurarem Portugal são menos 7123 (-1,1%) e o número de turistas holandeses baixou 16 732 (-6,8%) . Os preços muito atrativos da Turquia, Egito e Tunísia, destinos turísticos concorrentes, explicam a queda.
"A desvalorização da libra no pós brexit e a queda da lira turca ajudam a explicar este desvio dos fluxos turísticos", explica Elidérico Viegas, presidente AHETA, a associação que representa a hotelaria algarvia. "E só não estamos a ser mais afetados porque temos ligações aéreas diretas para o Centro e Norte da Europa, que os nossos concorrentes ainda não têm, e porque a nossa dependência dos pacotes do turismo organizado tem vindo a diminuir. Hoje dependemos em 60% ou mais das férias do chamado viajante independente", acrescenta.
Mas os números são já um sinal de alerta. Em junho, o número de hóspedes não foi além dos 2,1 milhões, com as dormidas a afundarem 2,9% em termos homólogos, totalizando 5,8 milhões, refletindo o decréscimo de 5,1% de turistas estrangeiros (4,2 milhões de dormidas). O mercado britânico, que representa 24,4% do total das dormidas de não residentes, registou um tombo de -9,8%, logo seguido pelo mercado alemão, que caiu 10,5%.
Os turistas nacionais limitaram a quebra, com um aumento de 3,4% nas dormidas. E os turistas norte-americanos (+15,9% no número de dormidas) e canadianos (+14,9%) também deram uma ajuda, mostram os dados do INE. O mercado espanhol aumentou 1,5% e foi, entre os cinco principais mercados emissores, o único que apresentou crescimento em junho. No primeiro semestre, este mercado cresceu 0,4%.
Por regiões, o Norte e o Alentejo registaram acréscimos nas dormidas (+3,1% e +2,4%, respetivamente), curiosamente à boleia do aumento de turistas estrangeiros. Os maiores decréscimos verificaram-se no Centro (-7,9%) e nos Açores (-6,1%).
Apesar do arrefecimento a procura por parte dos turistas estrangeiros, os proveitos totais dos hotéis portugueses aumentaram 7,5%, ascendendo a 376,7 milhões de euros.
Mas Elidérico Viegas deixa um alerta: a tendência de quebra no número de turistas britânicos e alemães, os dois maiores mercados emissores, "é para manter".