Trump rompe acordo da ONU sobre armas, NRA aplaude

Donald Trump anunciou que os EUA irão retirar o seu apoio a um tratado das Nações Unidas que regulamenta o comércio mundial de armas. Depois de assinar uma carta para o congresso lançou a caneta para a multidão de membros da NRA que o aplaudiam
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Foi à frente de milhares de membros de uma das organizações mais polémicas dos EUA, a National Rifle Association (NRA, Associação Nacional de Armas) em Indianápolis, muitos deles com chapéus vermelhos na cabeça com o slogan "Make America Great Again", que o presidente Donald Trump anunciou que vai revogar a assinatura do país no tratado de comércio de armas da ONU.

O tratado regula o comércio de armas convencionais, incluindo armas pequenas, tanques de batalha, aviões de combate e navios de guerra. "A minha administração nunca ratificará o tratado de comércio de armas da ONU", disse Trump. "Vamos retirar a nossa assinatura. As Nações Unidas receberão em breve uma notificação formal de que os EUA rejeitarão este tratado." "Na minha administração nunca entregaremos a soberania americana a ninguém. Nunca permitiremos que burocratas estrangeiros espezinhem a nossa liberdade garantida pela segunda emenda. Estou a anunciar oficialmente, hoje, que os Estados Unidos vão retirar a sua assinatura deste tratado mal-intencionado."

Os EUA assinaram o tratado em 2013, mas nunca o ratificaram. A NRA há muito que afirma que o tratado representa uma ameaça à segunda emenda da Constituição. Na sexta-feira, os seus membros aplaudiram Trump de pé e cantaram "USA! USA!" enquanto Trump assinava uma carta ao Congresso onde decretava a interrupção do processo de ratificação. O Presidente americano lançou, depois, a sua caneta para a multidão, revela a reportagem do The Guardian.

Aplausos e críticas

Chris Cox, director-executivo do Instituto de Ação Legislativa da NRA, declarou, com agrado: "Barack Obama e John Kerry tentaram forçar-nos a aceitar o controlo internacional de armas sob o poder da ONU, mas Donald Trump disse: 'Não no meu mandato.' "

Mas o anúncio de Trump também suscitou fortes críticas. Bob Menendez, senador democrata que integra a comissão de relações exteriores, afirmou: "Esta é mais uma decisão míope que põe em risco a segurança dos EUA baseada em falsas premissas e no medo. É perturbador ver esta administração voltar atrás no pouco progresso que fizemos para impedir as transferências ilícitas de armas".

Até agora, o Senado não aprovou o tratado devido ao "medo paralisante dos republicanos de reação da NRA", acrescentou Menendez. "Temos de impedir que a NRA estabeleça a agenda em Washington."

Rachel Stohl, diretora administrativa do think tank do Stimson Center em Washington, e consultora do processo que originou o tratado do comércio de armas, disse: "Hoje, o presidente, mais uma vez, afastou-se do papel de liderança da América no mundo e minou os esforços internacionais para reduzir o sofrimento humano causado por negócios irresponsáveis e ilegais de armas." "A não assinatura do tratado prejudicará a paz e a segurança internacionais, aumentará as vendas irresponsáveis e ilegais de armas convencionais e prejudicará a economia americana."

No centro de várias polémicas, causadas por disputas internas, problemas financeiros e uma forte reação pública na sequência de tiroteios em massa, a NRA, que tem 5,5 milhões de membros, aproveita o apoio de Trump, o primeiro presidente a falar de sua convenção anual por três anos consecutivos.

A campanha de 2020 já começou

Prometendo defender a segunda emenda, Trump avisou: "Nos últimos dias, os democratas propuseram a proibição de novas armas e o confisco de armas existentes de cidadãos cumpridores da lei. O que eles não dizem é que os maus da fita não entregam as armas. E ninguém vai desistir das suas armas."

Pelo caminho, lembrou a investigação do conselheiro especial Robert Mueller sobre a interferência eleitoral russa. "Eles tentaram um golpe mas não funcionou muito bem. E eu não precisava de uma arma para isso, pois não?"

Depois, Trump fez pontaria à oposição: "Os democratas são obcecados por embustes, ilusões e caça às bruxas. Podemos jogar o jogo tão bem ou melhor do que eles."

Na mesma linha, o vice-presidente Michael Pence, elogiou Trump e criticou os democratas. Pence alertou para a ameaça do socialismo e deu um golpe no candidato democrata Bernie Sanders sobre sua proposta de permitir que os presos da prisão votassem. "As mesmas pessoas que querem restringir o direito de manter e portar armas de cidadãos cumpridores da lei acreditam que o terrorista da Maratona de Boston deve ter o direito de votar no corredor da morte. Tenho novidades para ti, Bernie. Não no nosso mandato! Criminosos, assassinos e terroristas condenados violentamente nunca deveriam ter o direito de votar na prisão - nem agora, nem nunca."

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