Trump queria mesmo trocar Porto Rico pela Gronelândia, acusa ex-funcionário
O presidente Donald Trump queria vender Porto Rico ou trocar esse território dos Estados Unidos pela Gronelândia, que pertence à Dinamarca, pois considera Porto Rico sujo e pobre, segundo disse um ex-funcionário do governo norte-americano nesta quarta-feira.
Miles Taylor, que era chefe de gabinete do Departamento de Segurança Interna, disse que Trump expressou essas opiniões enquanto o governo realizava operações de apoio depois de dois furacões devastarem a ilha caribenha em 2017.
Taylor afirmou ao canal MSNBC que, pouco antes de uma viagem de funcionários do governo em 2018, o presidente - que já falava com frequência sobre a aquisição da Gronelândia - sugeriu seriamente que poderia negociar Porto Rico.
"Disse que não só queria comprar a Gronelândia, mas que realmente queria ver se podíamos vender Porto Rico, se podíamos trocar Porto Rico pela Gronelândia, porque, nas suas palavras, Porto Rico era sujo e o povo era pobre", contou Taylor.
O ex-funcionário não considera que os comentários de Trump fossem brincadeira.
"São americanos. Não falamos sobre os nossos companheiros americanos desta maneira", acrescentou. "E o facto de o presidente dos Estados Unidos querer tomar um território dos EUA dos americanos e trocá-lo por um país estrangeiro é mais do que revoltante."
Trump expressa há muito tempo desdém pela ilha de cerca de três milhões de habitantes, muitos dos quais vivem no continente, em especial na Florida e em Nova Iorque. "O presidente expressou profunda animosidade em relação ao povo porto-riquenho nos bastidores", disse Taylor, que deixou o Departamento de Segurança em 2019 e nesta semana divulgou o seu apoio ao democrata Joe Biden.
No ano passado, Trump cancelou uma visita à Dinamarca depois de a primeira-ministra, Mette Frederiksen, recusar a sua proposta de comprar a Gronelândia, classificando-a como "absurda", mas na época não houve menção a Porto Rico como parte do acordo sugerido.
Na terça-feira, o presidente americano desqualificou Taylor no Twitter, dizendo que é um "ex-funcionário descontente".