Quatro meses depois de tomar posse como presidente dos EUA, Donald Trump virá finalmente à Europa dizer aos aliados da NATO o que pensa que deve ser o futuro da Aliança Atlântica. A Casa Branca confirmou que o republicano, que durante a campanha eleitoral chegou a afirmar que considerava esta organização obsoleta, virá à cimeira dos líderes dos 28 países da NATO em Bruxelas a 25 de maio.."O presidente está ansioso por se encontrar com os seus parceiros da NATO para reafirmar o nosso forte compromisso com a NATO e discutir questões fundamentais para a Aliança, em particular a partilha de responsabilidade entre aliados e o papel da NATO na luta contra o terrorismo", afirmou a Casa Branca em comunicado, divulgado ontem. Na véspera, um porta-voz da Aliança Atlântica anunciara que o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, irá a Washington antes, a 12 de abril, para se reunir com Trump..Segundo o mesmo porta-voz, na cimeira de maio os líderes irão discutir "o papel da Aliança na luta contra o terrorismo, a importância do aumento dos gastos com a Defesa e uma repartição mais justa dos encargos". Em fevereiro, o secretário da Defesa dos Estados Unidos, James Mattis, participou numa reunião de ministros da Defesa da NATO em Bruxelas e avisou que os norte-americanos poderão rever a sua contribuição para a organização se os europeus também não aumentarem a sua, ou seja, investir pelo menos 2% do seu PIB em despesas militares. Até agora apenas cinco países em 28 respeitaram esse valor: EUA, Reino Unido, Grécia, Polónia e Estónia.."Se as vossas nações não querem ver a América a moderar o seu compromisso com a Aliança, cada uma das vossas capitais tem de demonstrar que está empenhada na nossa defesa comum", declarou James Mattis. Na visita que fez a Washington na terça-feira o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, reafirmou o compromisso de chegar a 2% do PIB em Defesa no espaço de dez anos - tal como acordado na cimeira de Gales em 2014..As críticas feitas aos parceiros da NATO e à própria Aliança têm deixado os aliados um pouco sem saber o que pensar e fazer. O facto de o secretário de Estado dos Estados Unidos, Rex Tillerson, preferir participar, em abril, em reuniões com a China e a Rússia em vez de ir à reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros da NATO a Bruxelas acentuou essa incerteza..O chefe da diplomacia de Trump fez saber que não irá a Bruxelas nos dias 5 e 6 de abril, preferindo acompanhar o presidente norte-americano no encontro com o seu homólogo da China, Xi Jinping, em Mar-a-Lago a 6 e 7 de abril. Em seguida Tillerson vai à reunião do G7 e depois para a Rússia. A eventual relação entre a administração Trump e o regime de Vladimir Putin preocupa os aliados, sobretudo por causa da questão da Ucrânia..Durante a campanha para as presidenciais norte-americanas, os democratas acusaram piratas informáticos ao serviço da Rússia de interferência na mesma. Mais tarde Trump acusou Barack Obama, seu antecessor na Casa Branca, de ter colocado os telefones da Trump Tower sob escuta. Ontem, o presidente da Comissão dos Serviços Secretos da Câmara dos Representantes, Devin Nunes, afirmou que membros da equipa de transição de Trump e possivelmente ele próprio foram vigiados durante a administração Obama, a seguir às eleições de novembro.