Trump e Melania posam sorridentes com bebé que perdeu os pais em tiroteio

Primeira-dama colocou na sua conta de Twitter uma foto dela e do presidente com o menino de dois meses que perdeu a mãe e o pai no tiroteio de El Paso esta semana.
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Jordan Anchondo morreu no Walmart de El Paso, no Texas, quando se lançou sobre o seu bebé para o proteger das balas. A americana e o marido, André, foram duas das vítimas do tiroteio que matou 22 pessoas naquela cidade no passado sábado e cujo autor deixou um manifesto no qual garantia querer matar "o maior número possível de mexicanos".

O bebé, de dois meses, sofreu ferimentos ligeiros, causados pelo peso da mãe. Mas está bem de saúde. A criança, chamada Paul, foi uma das vítimas do tiroteio que na quinta-feira recebeu a visita do presidente Donald Trump e da primeira-dama, Melania.

O bebé, que já teve alta depois de sofrer pequenas fraturas em alguns ossos, foi levado ao hospital, onde posou ao colo de Melania. Mas em vez dos rostos sérios que a história trágica do menino exigia, tanto o presidente como a mulher surgem sorridentes na imagem. O presidente até faz um gesto com o polegar para cima. As imagens foram partilhadas por Melania na sua conta do Twitter.

Uma atitude que já lhes valeu duras críticas e acusações de falta de empatia com o sofrimento das vítimas. Alguns médicos do University Medical Center de El Paso, que pediram para manter o anonimato, confessaram mesmo aos media que este não foi o único momento de "falta de empatia" de Trump, que se vangloriou junto do pessoal médico do tamanho da multidão que o esperava.

Trump tem sido acusado pelos sectores mais à esquerda de ser responsável em parte pelo comportamento do atirador, um jovem de 21 anos, cujo manifesto o identifica como um supremacista branco. O presidente é conhecido pelo discurso anti-imigração. Durante a campanha para as presidenciais de 2016 acusou os mexicanos de serem "violadores e traficantes".

Num vídeo da visita ao hospital de El Paso, Trump surge sempre sorridente e muitas vezes de polegar para cima. Segundo o Washington Post, no entanto, oito das vítimas do tiroteio ainda internadas recusaram encontrar-se com Trump.

Mas também há quem o defenda. Como a própria família do bebé Paul, ela própria hispânica. Tito Anchonso, tio do menino, disse à rádio NPR: "Penso que as pessoas estão a interpretar de forma errada as ideias de Trump. O meu irmão era um grande apoiante do presidente", explicou. E o avô do bebé garantiu ao jornal espanhol ABC terem ficado "muito felizes" com a visita do presidente que foi "muito simpático".

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