O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, teceu duras críticas à Boeing, considerando-a uma "empresa muito dececionante" por causa dos problemas recentes da fabricante norte-americana de aviões.."A Boeing é uma das grandes empresas do mundo, mas desde há um ano que as coisas começaram a acontecer de repente", disse Trump em entrevista à CNBC, à margem do Fórum Mundial Económico de Davos, na Suíça..A Boeing tem passado por um período conturbado, com vários atrasos na entrega do avião 737 MAX, que deu vários problemas e esteve na origem de dois acidentes trágicos. Para Trump, "isso teve um impacto tremendo" na economia dos EUA. "Quando se fala em crescimento, o que as pessoas dizem é maior do que 0,5% do PIB. Por isso a Boeing tem sido uma grande, grande deceção para mim", afirmou o líder norte-americano..O 737 Max da Boeing, projetado para ser o principal avião comercial da empresa, deixou de operar a nível mundial em março de 2019, após dois acidentes trágicos. O cenário negro agravou-se após uma cápsula que a empresa estava a construir para transportar os astronautas da NASA para a Estação Espacial Internacional ter funcionado mal, em dezembro do ano passado, naquela que era a sua primeira viagem ao espaço..Em outubro do ano passado, o então CEO, Dennis Muilenburg, admitiu que a empresa cometeu "erros" nos acidentes mortais com aviões do modelo 737 Max 8 na Indonésia e na Etiópia, ao falar perante o Senado norte-americano. "Sabemos que cometemos erros e que estávamos errados. Somos culpados disso", afirmou Muilenburg, citado pelas agências internacionais, perante o Comité do Comércio do Senado norte-americano..Foi a primeira vez que a Boeing reconheceu no Congresso norte-americano ter cometido erros que estiveram na origem dos acidentes que resultaram na morte de centenas de pessoas e que custaram milhares de milhões de dólares à empresa com sede em Chicago, nos Estados Unidos. "Em meu nome e no nome da Boeing, sentimos muito. Lamentamos profundamente", disse também Dennis Muilenburg, entretanto afastado do cargo, numa audiência na qual estiveram presentes alguns familiares de vítimas mortais dos acidentes..O primeiro testemunho do presidente executivo da Boeing no Congresso norte-americano ocorreu exatamente um ano depois do acidente de um avião 737 Max 8 da companhia aérea indonésia Lion Air, que provocou 189 mortos, incluindo todos os passageiros e tripulantes..Cinco meses depois, um avião do mesmo modelo da Ethiopian Airlines caiu em circunstâncias semelhantes, causando a morte de 157 pessoas. Desde então, todos os Boeing 737 Max 8 foram retirados de circulação em todo o mundo..Em abril do ano passado, a Boeing e o organismo que regula a aviação nos EUA - A Administração Federal de Aviação (FAA, na sigla em inglês) - disseram que a empresa precisava de mais tempo para corrigir o sistema de controlo de voo que se suspeita ser responsável pelos dois acidentes que mataram 346 pessoas..A norte-americana Boeing, sediada em Chicago, ofereceu o mesmo cronograma de tempo para convencer os reguladores de que pode corrigir o software.