Trump admite que fez "coisas erradas" na vida e congratula-se com absolvição

Um dia depois de ter sido absolvido pelo Senado de duas acusações de abuso de poder e obstrução ao Congresso, Trump reagiu formalmente com uma declaração na Casa Branca.
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"Passámos por um inferno, injustamente. Não fiz nada de errado. Eu fiz coisas erradas na minha vida, admito. Não de propósito, mas fiz coisas erradas", disse o presidente norte-americano, Donald Trump, um dia depois de ter sido absolvido no processo de impeachment no Senado. "Mas este é o resultado final", acrescentou, erguendo uma cópia do The Washington Post, onde se lê "Trump absolvido". Congratulando-se com a primeira manchete positiva que teve neste jornal, disse que vai levá-lo para casa e emoldurá-lo.

Trump, que já tinha sido recebido com uma ovação na sala onde estavam vários senadores e apoiantes, voltou então a ser aplaudido. Numa declaração na Casa Branca, a reação oficial ao processo de impeachment, o presidente agradeceu a todos os presentes, começando pelo líder do Senado, Mitch McConnell, falando de uma situação complicada nos últimos meses.

O presidente lembrou que tem sido alvo de uma "caça às bruxas" desde o primeiro dia e esta "nunca parou". Denunciou o processo como algo "mau", "corrupto", "foram fugas de informação e mentirosos". "Isto nunca devia acontecer a nenhum outro presidente", disse, alegando que não sabe se outro aguentaria este processo. "Se não tivesse despedido [o ex-diretor do FBI, James] Comey, que era um desastre, é possível que nem sequer estivesse aqui agora", afirmou. "Quando o despedi, foi o inferno", acrescentou.

O presidente lembrou as várias investigações contra a sua administração, desde a Rússia (foi tudo "treta") até ao relatório do conselheiro especial Robert Mueller, em relação à alegada intervenção russa nas presidenciais norte-americanas.

Na quarta-feira, o presidente norte-americano foi absolvido das acusações de abuso de poder pelo Senado, com 52 votos favoráveis e 48 contra (um deles o do senador republicano Mitt Romney, ex-candidato presidencial republicano em 2012). Quanto à acusação de obstrução ao Congresso, voto ficou 53 contra 47, numa divisão de acordo com as linhas partidárias.

O presidente agradeceu à sua equipa, num discurso que disse ser "uma celebração", agradecendo a vários senadores e congressistas presentes na sala, como Jim Jordan ou Devin Nunes, entre outros.

"Temos um grande grupo de guerreiros", disse Trump, depois de uma série de agradecimentos, incluindo ao congressista Steve Scalise, que ficou gravemente ferido após ser atingido a tiro em 2017 num treino de baseball, dizendo que ele estava "mais bonito agora".

E não poupou as críticas aos opositores, apelidando a presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, de "horrível" e "perversa". Atacou também Romney, que citou razões religiosas para votar contra Trump, dizendo que ele usou uma "muleta" para votar como votou. "Nunca a usou antes. Mas sabem, ele é um candidato presidencial falhado, coisas podem acontecer quando falhamos assim tanto", indicou Trump.

No final da intervenção, Trump pediu desculpa à família, presente na sala, por ter que passar por este processo. "Agradeço por terem ficado comigo, isto não fazia parte do acordo", disse Trump, agradecendo o apoio que lhe têm dado.

Numa primeira reação, de manhã durante o pequeno-almoço nacional de oração, Trump tinha dito que o processo de impeachment foi uma "terrível provação" e acusou os seus opositores de serem "pessoas muito desonestas e corruptas" que estão a tentar destruí-lo e ao país. E, sem dizer nomes, deixou mensagens tanto para Pelosi como para Romney.

"Eles fizeram tudo o que era possível para nos destruírem e ao fazerem-no, prejudicaram a nossa nação", disse Trump em relação à primeira. "Eles sabem que o que estão a fazer é errado, mas põem-se à frente do nosso grande país", acrescentou. Em relação ao segundo, Trump afirmou: "Não gosto de pessoas que usam a sua fé como justificação para fazerem o que sabem ser errado".

E, num ataque direto a Pelosi, que tem dito várias vezes rezar pelo presidente, afirmou: "Nem gosto de pessoas que dizem, 'rezo por ti', quando sabem que não o fazem". A líder da Câmara dos Representantes criticou mais tarde as declarações de Trump, dizendo que as que tiveram como alvo Romney foram "especialmente sem classe". E agradeceu ao senador republicano pela sua coragem de votar contra Trump.

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