"Truman" de Cesc Gay conquista cinco prémios Goya

Nomeado em seis categorias, venceu cinco. "La Novia", de Paula Ortiz, ganhou só dois dos doze prémios em que estava indicado
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"Passou-nos um tsunami por cima", resumia Cesc Gay, uma hora depois do final da 30.ª gala dos prémios da Academia de Cinema espanhola, que no sábado à noite reuniu um Nobel da Literatura (Mario Vargas Llosa), três oscarizados (Penélope Cruz, Javier Bardem e Juliette Binoche) e três líderes partidários (Pedro Sanchez, Alberto Rivera e Pablo Iglésias) no Hotel Auditorium de Madrid.

O realizador de Truman não conseguia esconder a surpresa por ter conquistado cinco dos seis galardões para que estava nomeado o filme, arrebatando as categorias mais importantes: melhor filme, realizador, ator e ator secundário e argumento original.

"Equilíbrio", foi esse o segredo por trás desta vitória, segundo Cesc Gay, que levou para o grande ecrã uma história de amizade entre dois amigos, um deles com cancro terminal. Com algum humor e mostrando que uma despedida definitiva pode acontecer sem lágrimas.

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Ele que vê o seu trabalho de realização ser assim reconhecido pela primeira vez com um Goya, após a nomeação em 2001, na categoria revelação com Krámpack (2001) e, dois anos depois, com En la Ciudad.

Nos dias anteriores à cerimónia, Gay afirmara que, se ganhasse apenas um prémio, gostaria que fosse o de melhor filme: "Pela minha produtora, Marta Esteban, que esteve ao meu lado todos estes anos". E no sábado à noite, na passadeira vermelha, recordou que "99% das pessoas que se dedica ao cinema chega com dificuldades ao final do mês. Isto das galas engana, quase nada na nossa profissão tem glamour".

Protagonizado por Ricardo Darín, distinguido com o prémio para melhor ator, e Javier Cámara, melhor ator secundário, Truman impôs-se ao grande favorito desta edição, La Novia de Paula Ortiz, que das doze categorias para que estava nomeada venceu apenas em duas - melhor fotografia e melhor atriz secundária (Luisa Gavasa).

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O prémio para melhor atriz foi entregue a Natalia de Molina (Jaén, 1990), pelo desempenho no filme Techo y comida, impondo-se a Inma Cuesta (La Novia) e a nomes consagrados como Juliette Binoche (Nadie Quiere la Noche) e Penélope Cruz (Ma Ma).

Molina, que há uma semana ganhou o prémio Forqué, atribuído pelos produtores cinematográficos, conquistara o Goya para atriz revelação há dois anos, no filme Vivir es Fácil con los Ojos Cerrados, tornando-se assim a mais jovem vencedora de dois Goyas.

"Custa muito fazer cinema e ainda mais este tipo de filmes", disse Natalia de Molina, aludindo aos despejos retratados em Techo y Comida, situação que nos últimos anos marcou a atualidade espanhola.

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"Houve grandes papéis femininos este ano e espero que continue a haver", disse, admitindo que, na realidade, estava entusiasmada só com a ideia de conhecer Juliette Binoche em pessoa.

A cerimónia, apresentada pelo ator Dani Rovira, foi vista por quase 4 milhões de espetadores, o programa de televisão mais visto no sábado à noite, contando mais cerca de 200 mil que em 2014. Felipe VI e a rainha, Letizia, foram os grandes ausentes da noite, tendo declinado o convite da Academia, ao contrário do que acontecera trinta anos antes, com o casal real Juan Carlos e Sofia.

Num ambiente algo tenso face à situação instável após a aprovação da nova lei de apoio à produção de cinema e à investigação em curso de fraude das bilheteiras, a classe política quase roubou o papel principal aos atores, com Pedro Sánchez (líder do PSOE), Pablo Iglésias (Podemos) e Albert Rivera (Ciudadanos) a marcarem presença.

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