Trocar carro por moto pode valer seis dias por mês

A alteração ao Código da Estrada entrou em vigor e permite conduzir uma moto 125 com a carta de condução do carro.  Poupa-se dinheiro e muito tempo.
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A diferença entre a moto e o carro num percurso diário, de Setúbal a Lisboa, é de seis dias livres por mês. As contas são do deputado comunista Miguel Tiago, o maior impulsionador da lei, que ontem entrou em vigor, e permite conduzir uma moto de cilindrada 125 com a mesma carta para carro.

A alteração ao Código da Estrada foi proposta pelo PCP e aprovada na Assembleia da República por unanimidade. Transpõe a directiva comunitária que há muito outros países europeus adoptaram. "Como se circularia em Atenas ou em Roma se não fosse de moto?", interroga o deputado.

Além de aliviar a circulação nos grandes centros urbanos, as vantagens notam-se na carteira e no tempo. Segundo o Diário Económico, um condutor que viva na Área Metropolitana de Lisboa pode poupar até 300 euros por mês, num total de 400.

As contas são confirmadas por Miguel Tiago. Todos os dias arranca da porta da sua casa, em Setúbal, rumo a Lisboa. Quando o percurso de carro lhe custava quase 450 euros por mês, e um desgaste numa fila de trânsito durante duas horas, agora gasta de moto 200 euros por mês. "Gasta mais porque tem maior potência, é uma mil. Demoro 40 minutos", refere. Feitas as contas, o deputado tem mais seis dias por mês do que um condutor comum. "Tenho mais tempo para trabalhar, para estar com a família e para ter hobbies", refere.

Na portagem também há vantagens. Quem passar a Via Verde ao volante de uma moto tem um desconto de trinta por cento. A cilindrada agora autorizada (125) também permite conduzir em auto-estrada e pontes, para quem mora nos arredores de Lisboa.

Mas o hábito a uma maior circulação de motos ainda tem de ser conquistado. "Em termos de segurança rodoviária, vai haver um aumento de acidentes no início", refere Manuel João Ramos, à frente da Associação de Cidadãos Automobilizados. Ainda assim, ressalva, a circulação vai ser maior do que o número de acidentes.

O dirigente teme, no entanto, que a falta de parques de estacionamento adequados leve os motociclistas a "estacionamentos selvagens" nos passeios destinados a peões. Aguarda alternativas e exemplifica o caso de Madrid. "Quem adquiria moto podia inscrever-se na internet, ao abrigo de um programa, e pedir lugar de estacionamento à porta de casa."

A Associação Automóvel de Portugal (ACAP) referiu que a alteração irá ter forte impacto na mobilidade, sobretudo em circuitos urbanos, com vantagens na redução de consumo de combustíveis e maior fluidez .

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