Tribunal tailandês dissolve partido que apresentou irmã do rei como candidata a primeira-ministra
O Tribunal Constitucional da Tailândia ordenou esta quinta-feira a dissolução do partido que apresentou como candidata a primeira-ministra a irmã mais velha do rei, por violar a monarquia constitucional, apenas a poucas semanas das eleições gerais de 24 de março.
Nove juízes ordenaram por unanimidade a dissolução do partido, Thai Raksa Chart e, por seis votos a favor e três contra, os magistrados decidiram ainda que 14 membros do comité executivo do partido não poderão participar na política tailandesa nos próximos 10 anos. "O tribunal ordenou que o partido fosse dissolvido," disse o juiz do Tribunal Constitucional, Taweekiet Meenakanit.
O líder do partido dissolvido, Preechapol Pongpanich, visivelmente emocionado, disse aos repórteres fora do tribunal que o partido aceitou a decisão, mas frisou: "Nós só tivemos boas intenções para o país". Mais de mil polícias foram deslocados para o tribunal, na capital tailandesa, onde estavam concentrados simpatizantes do Thai Raksa Chart, partido que se preparava para participar nas eleições gerais de 24 de março.
O partido Thai Raksa Chart anunciou no dia 8 de fevereiro a candidatura da princesa Ubolratana Mahidol, mas em poucas horas a televisão tailandesa divulgou uma declaração do monarca,MahaVajiralongkorn, que descreveu como "inapropriada" a candidatura da sua irmã e considerou-a como "um desafio à cultura". A princesa tinha renunciado ao título real em 1972, mas ainda é oficialmente tratada como membro da família real.
O partido político Thai Raksa Chart está ligado aos ex-primeiros-ministros Thaksin Shinawatra, deposto num golpe de Estado em 2006, e a sua irmã Yingluck Shinawatra, cujo governo também foi derrubado pelos militares em 2014, e que estão ambos no exílio.
A dissolução do partido Thai Raksa Chart comprometeu as hipóteses dos partidos da oposição de derrotarem os partidos aliados à junta militar que governa na Tailândia há quase cinco anos. Os partidos da oposição avisam que a reeleição do general Prayut Chan-ochoa, cabeça de lista do partido Palang Pracharat, pode resultar numa acrescida influência militar na política tailandesa.
As eleições de 24 de março são as primeiras desde o golpe de Estado realizado por militares em maio de 2014 contra a Administração de Yingluck Shinawatra.
A Tailândia atravessa uma profunda crise política que a mantém há mais de uma década num círculo em que se sucedem protestos antigovernamentais, períodos ditatoriais encabeçados pelo exército e lapsos democráticos.