O Tribunal de Chaves começou hoje a julgar dois médicos acusados do crime de homicídio por negligência grosseira de uma criança de 13 anos, um caso que remonta a 2010..Na primeira sessão do julgamento, os dois clínicos prestaram depoimento para refutar a acusação de negligência, afirmando que, quando observaram a criança, não havia sintomas para valorizar..Os factos em causa remontam a 20 de agosto de 2010, quando a vítima, então com 13 anos, recorreu aos serviços de urgência da unidade de Chaves do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CMTMAD), levada por seus pais, com queixas de fortes dores de barriga generalizadas e de vómitos frequentes..A tese da acusação refere que a vítima foi atendida, observada e acompanhada por um dos arguidos, médico pediatra neste hospital, que durante o internamento da vítima, e face à evolução clínica desta, solicitou a colaboração do outro arguido, da especialidade de cirurgia..A criança veio a morrer dois dias depois, "como consequência de lesões de perfuração do duodeno derivadas de úlcera duodenal"..A acusação considera que há indícios suficientes de que os arguidos "nem valorizaram convenientemente os sintomas que a vítima apresentava e que só por si eram suscetíveis de conduzir à identificação do mal que a afligia, nem aprofundaram os estudos, nomeadamente analíticos e imagiológicos, com vista ao diagnóstico"..A pena máxima aplicada é de cinco anos, pelo que o julgamento decorre num tribunal singular..Os dois médicos foram acusados em 2015, cinco anos após a morte da criança, e, em 2017, um juiz de instrução de Chaves mandou o processo para julgamento.