No X Encontro do Triangulo Estratégico América Latina Caraíbas-Europa-África, que decorreu há poucos dias e que foi organizado pelo IPDAL, insisti na criação de uma agenda comum entre as três regiões. Continuo a pensar que a maior parte dos desafios que os países das três regiões têm são desafios comuns. Podem ter intensidades diferentes mas não diferem no essencial. Daí a utilidade de uma agenda comum. Desde logo para o combate imediato à pandemia..A América Latina e o continente africano, em especial este último, têm de merecer uma atenção especial pois grande parte da população dessas duas regiões não foi ainda vacinada. As previsões mais otimistas apontam, por exemplo, que só no final de 2023 é que 70% da população africana estará vacinada. Ora, é bom que tenhamos perfeita consciência de que esta pandemia só será controlada ou eliminada se grande parte da população do mundo inteiro for vacinada em simultâneo. Foi por isso que um dos painéis do encontro foi sobre saúde global, onde a questão da vacinação mereceu, naturalmente, o grande destaque..O outro grande tema foi a recuperação económica. Sobre esta matéria utilizei números que demonstram que a maior parte dos países africanos, da América Latina e mesmo alguns da Europa tiveram nos últimos dez meses de 2020 um recuo de dez anos a nível económico e em indicadores sociais. Valores assustadores devido ao impacto que têm na vida real de milhões de cidadãos. Há quem já fale numa "geração perdida". E não exagera. A crise económica e as suas consequências mereceram da minha parte uma grande preocupação, assim como ao presidente de Cabo Verde e a vários ministros dos Negócios Estrangeiros e responsáveis por grandes instituições mundiais e regionais que participaram no encontro..Penso que Portugal, com a atual presidência da União Europeia (UE), tem um papel fundamental no desbloquear de acordos comerciais, por exemplo, entre a UE e alguns países da América Latina. Também tem um papel fundamental na parceria entre a UE e a União Africana. Esta última uma parceria fundamental tanto para os países africanos como para os países europeus. Muitos dos nossos grandes problemas, dos nossos grandes desafios mas também muitas das nossas soluções estão no continente africano..O contrário também é verdade. As três regiões - América Latina, a Europa e África - precisam, mais do que nunca, de mais comércio e de mais investimento entre si. Outras questões que destaquei têm a ver com os milhões de jovens que deixaram, no último ano, os estudos devido à pandemia; também dos milhões de jovens raparigas, crianças e mulheres que se tornaram vítimas ainda mais frágeis da violência..Não esqueci os muitos milhões de cidadãos que regressaram à pobreza e também os milhões que vivem do comércio informal, sem qualquer apoio social, e que os confinamentos sucessivos representam a fome e a miséria. Estamos a falar de muitos cidadãos dos nossos países. A dimensão é tão grave que é imperioso o nosso empenho, dos que temos responsabilidades políticas em encontrar soluções para estes terríveis problemas..É nossa obrigação porque está em causa a dignidade humana de milhões de europeus, de milhões de latino-americanos e de milhões de africanos. Todos têm um nome. É por isso que temos de identificar e de pôr em prática rapidamente e em conjunto as melhores soluções. Isso passa por uma Agenda Comum.. Deputado à Assembleia da República e presidente do IPDAL