Três anos de prisão para Sarkozy e os problemas estão apenas a começar

Ex-presidente irá cumprir a pena em casa, com pulseira eletrónica. Já no próximo dia 17 enfrenta mais um processo na justiça.
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Nicolas Sarkozy foi condenado na segunda-feira a três anos de prisão por corrupção e tráfico de influência, tornando-se o segundo chefe de Estado condenado em França, após Jacques Chirac em 2011. O ex-presidente francês foi condenado a um ano de prisão efetiva e dois anos com pena suspensa. Mas se desta vez o político de 66 anos não irá cumprir pena na prisão, já que o tribunal o autorizou a ficar detido em casa com uma pulseira eletrónica, os seus problemas judiciais estão longe de ter chegado ao fim.

Presidente entre 2007 e 2012, Sarkozy foi condenado por ter tentado ilegalmente obter informações de um magistrado em 2014 sobre uma ação judicial em que estava envolvido. Para o tribunal, os factos são "particularmente graves", visto que foram cometidos por um antigo presidente que usou o seu estatuto para fins pessoais. Além disso, como ex-advogado, Sarkozy estava "perfeitamente informado" sobre a prática deste tipo de ação ilegal.

Os outros dois réus no caso - o seu advogado e amigo de longa data Thierry Herzog, de 65 anos, e o agora reformado magistrado Gilbert Azibert, de 74 - também foram considerados culpados e receberam a mesma sentença de Sarkozy.

O político francês negou veementemente todas as acusações durante o julgamento de dez dias, ocorrido no final do ano passado. E já anunciou que vai recorrer da sentença.

A 1 de julho de 2014, Nicolas Sarkozy foi indiciado por corrupção ativa e tráfico de influência. As acusações referiam-se à gravação de conversas telefónicas entre o ex-presidente e o seu advogado relacionada com o alegado financiamento líbio da campanha para as presidenciais de 2007. A justiça suspeita que o ex-presidente francês tenha tentado obter informações junto de um juiz sobre um processo que o envolvia. Em troca, terá proposto intervir para lhe garantir um posto de prestígio no Mónaco.

Esta é a primeira vez na história moderna da França que um ex-presidente é julgado por corrupção. O antecessor de Sarkozy, Jacques Chirac, foi considerado culpado em 2011 por mau uso de dinheiro público e recebeu uma sentença de dois anos de prisão com pena suspensa por ações durante o seu período como autarca de Paris.

Para Sarkozy, este é apenas o início de uma longa série de processos judiciais.

De 17 de março a 15 de abril deste ano está já marcado o processo por despesas excessivas na campanha presidencial de 2012 reveladas pelo caso Bygmalion. Este refere-se a um sistema de dupla faturação e de faturas falsas para atribuir à UMP despesas da campanha para evitar ultrapassar o plafond autorizado.

Sarkozy não é diretamente acusado de ter conhecimento da fraude no centro da qual se encontra a Bigmalion, uma empresa de prestação de serviços, mas é suspeito de ter feito despesas extra quando não podia ignorar que o orçamento estava prestes a ser ultrapassado. Até por já ter sido alertado para o facto pelos seus contabilistas.

Em aberto está ainda o processo por financiamento ilegal, através de fundos líbios, da sua campanha de 2007. Ora, a retirada da queixa de uma das principais testemunhas, o intermediário Ziad Takieddine, a 11 de novembro, veio abrir a porta ao encerramento do caso. Sarkozy pode respirar de alívio para já, mas a justiça francesa promete não o deixar gozar de uma reforma tranquila.

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