Tradição e "poder do amor" no "sim" de Harry e Meghan
O príncipe Harry, sexto na linha de sucessão ao trono britânico, casou ontem com a atriz norte-americana Meghan Markle, na Capela de St. George, no Castelo de Windsor. A noiva usou um vestido simples, da Givenchy, com um véu de cinco metros de comprimento que tinha bordadas as flores nacionais dos 53 países da Commonwealth.
Antes do enlace, a rainha Isabel II atribuiu ao neto os títulos de duque de Sussex, conde de Dumbarton (galês) e barão de Kilkeel (irlandês), pelo que com o casamento Meghan passa a ser conhecida como duquesa de Sussex.
A cerimónia, à qual assistiram 600 convidados - entre os quais vários famosos do mundo da televisão, da música ou do desporto -, ficou marcada pelo sermão do reverendo afro-americano Michael Curry, que começou por citar o ativista dos direitos civis Martin Luther King.
Depois do primeiro beijo de casados nos degraus exteriores da capela, o casal desfilou numa carruagem pelas ruas de Windsor - em que foram saudados por cem mil pessoas - antes de voltar ao castelo para a receção oferecida por Isabel II.
A cerimónia na Igreja Anglicana, à qual Meghan se converteu, não inclui a parte cinematográfica do "pode beijar a noiva". O primeiro beijo de casados de Harry, de 33 anos, e Meghan, de 36, foi dado na escadaria, à saída da Capela de St. George. Momentos antes, o casal trocava votos sem a promessa de "obediência", como já acontecera no casamento do príncipe William e Kate, em 2011.
O vestido, as alianças, o bouquet, a tiara
Ao contrário do irmão e padrinho de casamento, Harry vai usar aliança. A dele é de platina, a dela de ouro galês. O vestido da noiva foi desenhado pela britânica Clare Waight Keller, a primeira mulher diretora artística da casa francesa Givenchy.
O bouquet, da florista Philippa Craddock, incluía flores colhidas por Harry na véspera, nos jardins do Palácio de Kensington. Tinha miosótis, conhecidas em inglês como forget-me-not (não me esqueças), os favoritos da mãe, a falecida princesa Diana.
Meghan usou uma tiara de diamantes emprestada pela rainha Isabel II, a bandeau de losangos da rainha Mary, feita em 1932, com uma peça central de 1893.
A simplicidade do vestido contrastava com o véu de seda de cinco metros de comprimento, também de Clare Waight Keller, que incluía bordados das flores nacionais dos 53 países da Commonwealth. O príncipe George e Charlotte estavam entre os dez "meninos das alianças".
As flores também estavam no bolo da noiva, feito pela pasteleira Claire Ptak. De limão e flor de sabugueiro, estava decorado com creme de manteiga e flores.
A família
Conhecida por usar cores vibrantes, Isabel II não desiludiu no casamento do neto. Usou um casaco verde-lima por cima de um vestido de seda estampado que incluía ainda púrpura e cinzento. O conjunto é do estilista Stewart Parvin. A monarca de 92 anos esteve acompanhada do marido, Philip, de 96 anos, que apesar de ter sido recentemente operado à anca se deslocou sem apoio.
Antes do casamento, Isabel II atribuiu três títulos ao príncipe Harry: duque de Sussex, conde de Dumbarton e barão de Kilkeel. Meghan será conhecida como duquesa de Sussex.
O príncipe Carlos entre a mãe da noiva, Doria Ragland, que conheceu na véspera, e a mulher, Camilla. Meghan entrou sozinha na capela, percorrendo os últimos metros até ao altar com o agora sogro. "Obrigado, Pa", disse Harry, usando o diminutivo para pai, antes de dizer à noiva "Estás maravilhosa." No livro da cerimónia dizia que seria Thomas Markle, o pai de Meghan, a acompanhá-la. Mas ele foi operado ao coração e não esteve presente, tendo havido também polémica com fotos que tirou com paparazzi. "A cerimónia foi linda", disse ao site TMZ.
O sermão
A cerimónia, presidida pelo deão de Windsor, David Conner, ficou marcada pelo sermão do reverendo norte-americano Michael Curry. O líder da Igreja Episcopal dos EUA (Anglicana), o primeiro afro-americano no cargo, começou por citar Martin Luther King: "Temos de redescobrir o poder redentor do amor e, quando fizermos isso, faremos deste velho mundo um mundo novo." Todo o apaixonante discurso foi sobre o "poder do amor", mas num estilo pouco comum às cerimónias tradicionais britânicas, gerando sorrisos entre os convidados.
As celebridades entre os convidados
Amal Clooney, de amarelo, centrou as atenções, com o marido, o ator George Clooney. Mas entre os 600 convidados havia muitas estrelas do mundo da televisão, da música e do desporto. Depois dos noivos, Victoria e David Beckham foram os mais falados no Twitter, segundo o The Guardian. Até às 16.00 já tinha havido 3,4 milhões de tweets sobre o casamento real.
Cem mil pessoas não quiseram perder o casamento e encheram as ruas de Windsor. O casal desfilou durante meia hora após a cerimónia numa carruagem aberta Ascot Landau, puxada por quatro cavalos.
Festas
Os 600 convidados seguiram diretamente para a receção oferecida por Isabel II, num dos salões do castelo. Foram servidos vários canapés, como lagostins escoceses envoltos em salmão fumado com crème fraîche cítrico, espargos ingleses grelhados envoltos em presunto da Cumbria ou panna cotta de ervilhas com ovos de codorniz. Havia depois bowl food, literalmente comida servida em taças, que incluía fricassé de galinha do campo com cogumelos morel e alho-francês, risoto de ervilhas com óleo de trufas e fritas de parmesão ou barriga de porco assada durante dez horas com compota de maça. Para a sobremesa havia macaroons de champanhe e pistácio e tarteletes de crumble de ruibarbo. Elton John cantou durante a receção.
A música da cerimónia tinha incluído a soprano galesa Elin Manahan Thomas, mas também um coro gospel, que interpretou Stand by Me . O violoncelista Sheku Kanneh-Mason, o primeiro negro a vencer o prémio Jovem Músico do Ano da BBC em 2016, deslumbrou com, entre outros, um Ave Maria, de Schubert.
Os festejos de casamento só acabaram com outra receção, na Frogmore House, desta vez oferecida pelo príncipe Carlos, para um leque restrito de 200 convidados. Para a ocasião, a noiva mudou de visual, optando por um vestido branco da estilista britânica Stella McCartney.
O casal deixou o Castelo de Windsor ao volante de um Jaguar cinzento-azulado, construído em 1968, mas adaptado recentemente para ser elétrico. A matrícula era a data do casamento. Depois da festa, não seguem de imediato para a lua-de-mel. Na terça-feira, estarão presentes na festa dos 70 anos do príncipe Carlos.