"Deixem-nos trabalhar". Trabalhadores contra restrições à circulação de camiões

Funcionários da Bracicla protestaram esta manhã por causa de um sinal de trânsito
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Os trabalhadores da empresa de reciclagem Bracicla, em Amares, manifestaram-se hoje contra as restrições à circulação de camiões alegadamente imposta pela Câmara no acesso às instalações, que dizem constituir uma ameaça aos postos de trabalho.

"Numa altura em que só vemos notícias de patrões que querem fechar portas, aqui temos uma empresa que apenas pede que a deixem trabalhar", disse Célia Marques, que trabalha na Bracicla, conjuntamente com o marido.

O casal, com uma filha de 14 anos, trabalha na Bracicla há três e, preocupado com o futuro, questiona por que é que "há tanta implicância" com a fábrica.

Em causa está um sinal de trânsito colocado, em 2015, na rua de acesso à empresa, alegadamente por decisão da Câmara, que impede a circulação de camiões entre as 20:00 e as 08:00 e que está a "pôr em causa o normal funcionamento da empresa".

O horário de funcionamento da Bracicla é das 07:00 às 22:00, mas a colocação do sinal limita a ação da empresa.

Segundo o responsável da Bracicla, António Veloso, os trabalhadores são muitas vezes obrigados a desrespeitar o sinal para conseguir responder às exigências dos clientes, o que terá mesmo levado a GNR a "montar piquetes de caça à multa" no local, tendo a empresa já cerca de três mil euros em coimas para pagar.

A empresa começou a laborar em julho de 2015, sendo que três meses depois, face à contestação dos moradores, foi colocado um sinal restringindo o acesso à fábrica.

À Lusa, o presidente da Câmara de Amares, Manuel Moreira, recusou "qualquer culpa" da autarquia na questão, explicando que "há uma decisão judicial que impede os camiões de circular fora daquelas horas (08:00-20:00) naquele local".

"Isto não tem nada a ver com a câmara. Está a ser tratado um acesso alternativo, mas não é da noite para o dia", disse.

Gracinda Silva, que também trabalha na Bracicla, frisou que a colocação do sinal foi anterior à decisão judicial, pelo que a Câmara "não pode querer agora lavar as mãos".

"A nossa luta não é contra os moradores, é pelo nosso emprego e pelos nossos direitos. São 40 trabalhadores que estão em causa. A fábrica tem as licenças todas e só pedimos que nos deem uma alternativa, que já foi prometida há muito mas que nunca chegou", referiu.

Desde sexta-feira, alguns dos camiões da empresa são deixados durante a noite frente à Câmara, para "fugir" às multas e para conseguir cumprir os horários contratualizados com os clientes.

"Só pedimos que nos deixem trabalhar. Será pedir muito?", questionou Eduarda Pinto, também trabalhadora da Bracicla, lembrando que "já houve despedimentos" e que, se a situação se mantiver, "muitos outros se poderão seguir".

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