Torres Vedras a 40 minutos de Oriente? Sim, de comboio

Investimento de 132 milhões de euros permitiria retirar uma hora à viagem ferroviária entre o Oeste e a capital, segundo a IP.
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A construção de uma ligação ferroviária entre a linha do Oeste e a linha do Norte poderia colocar Torres Vedras a 40 minutos da estação de comboios do Oriente. Com investimento de cerca de 132 milhões de euros, seria possível reduzir em uma hora o tempo de viagem entre a cidade do Oeste e uma das maiores estações do país, refere um estudo de 2017 da Infraestruturas de Portugal (IP) mas que não foi divulgado em público.

Para fugir ao trânsito da A8 até chegar a Lisboa, a ligação ferroviária a partir de Torres Vedras implicaria a construção de um troço em via única, de cerca de 24 quilómetros, entre Dois Portos (linha do Oeste) e Carregado (linha do Norte). Cada quilómetro deste percurso custaria 5,5 milhões de euros e incluiria sinalização eletrónica, um viaduto sobre a A1 no Carregado e ainda a construção de vários túneis, pontes e viadutos. A velocidade máxima do troço seria de 120 km/h.

Com mais de 75 mil habitantes, o concelho de Torres Vedras tem sido cada vez mais afastado do comboio. O transporte sobre rodas tornou-se muito mais competitivo desde a abertura da A8, que permite viagens de autocarro entre o Oeste e Lisboa em menos de uma hora.

Apesar de ser um transporte coletivo, um veículo pesado tem menor lotação de passageiros, polui mais e ainda tem de enfrentar o trânsito dos milhares de carros que circulam todos os dias na autoestrada.

A IP, por esse motivo, também estudou outras duas opções para a linha do Oeste: a ligação entre Malveira e Sacavém e entre Outeiro e Carregado.

Malveira pode ficar a 15 minutos do Oriente se for construída uma ligação de cerca de 23 quilómetros, no valor de cerca de 150 milhões de euros, até Sacavém. A construção de pontes nas ribeiras de Lousa e de Loures e ainda de túneis junto a Malveira e entre Loures e Sacavém justifica a despesa, de 6,5 milhões de euros por quilómetro.

O troço também beneficiaria o município de Loures, que passaria a ter uma ligação ferroviária direta ao Oriente em vez de depender dos autocarros (e do trânsito). A nova ligação prevê ainda a construção de três apeadeiros.

Com velocidade máxima de 120 km/h, a ligação ferroviária reduziria em 45 minutos o atual tempo de viagem entre Malveira e a estação do Oriente.

Também foi estudada a construção da linha entre Outeiro e Carregado, com orçamento de 157,5 milhões de euros e que permitiria velocidade máxima de 160 km/h. O troço, no entanto, não teria viabilidade económica porque Torres Vedras ficaria de fora.

A ligação também teria efeito nacional: seria possível reduzir, em 30 minutos, o tempo de viagem entre Lisboa-Oriente e Porto-Campanhã (via Oeste), para 3 horas e cinco minutos com comboios pendulares - seriam 3 horas e 15 minutos com comboios convencionais.

Todos os montantes indicados, contudo, "carecem de um estudo de viabilidade mais aprofundado que valide as soluções tecnicamente, nomeadamente no que respeita à implantação dos traçados do terreno, e confirme as estimativas calculadas", alerta o estudo.

A ligação entre as linhas do Oeste do Norte é necessária por causa da "sinuosidade do traçado em planta do troço Meleças-Torres Vedras e das restrições de capacidade e de velocidade dos troços Meleças-Campolide da linha de Sintra, e de Campolide-Braço de Prata da linha de Cintura".

Caso a ligação fosse construída, o troço entre Meleças e Torres Vedras passaria a ser suburbano - como prolongamento da linha de Sintra - em vez de um serviço regional, com menor frequência.

Apesar de serem da própria empresa, a IP tem tentado desvalorizar os estudos que se constituem como "meras peças de processos pluridisciplinares envolvendo as vertentes já referidas, não devendo ser apreciados individualmente ou de forma descontextualizada, sob pena de se anteciparem conclusões que não têm qualquer viabilidade de concretização".

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