Todos contra Haddad no antepenúltimo debate

Ciro e Alckmin, com esperanças de chegar à segunda volta, atacaram sobretudo o candidato do PT, dada a ausência de Jair Bolsonaro, ainda em convalescença
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Fernando Haddad, do PT, foi o alvo da maioria dos ataques no debate no canal SBT, portal UOL e jornal Folha de São Paulo na qualidade de mais bem colocado nas sondagens, com 21%, entre os oito presentes em estúdio. Com o líder Jair Bolsonaro, do PSL, que soma 28 pontos, ainda a recuperar da facada sofrida num evento de campanha no dia 6, o substituto de Lula da Silva ouviu críticas dos concorrentes aos 13 anos de governo do seu partido.

"Quem inventou o [Michel] Temer foram vocês", disse Marina Silva, do Rede, que segue em quinto lugar nas intenções de voto com 5%, depois de Haddad a ter acusado de apoiar o impeachment de Dilma Rousseff que conduziu ao Palácio do Planalto o ainda presidente da República.

Ciro Gomes, do PDT, terceiro classificado com 12 pontos, acusou o PT, rival no campo da esquerda, de se ter apropriado do poder e assim criado candidatos como Bolsonaro. Disse ainda que, caso eleito, recusará ter no seu governo membros do partido de Haddad. Este, na sua resposta, lamentou a afirmação do rival, uma vez que ainda em Junho, Ciro havia dito publicamente que gostaria de convida-lo para vice-presidente e assim compor "um dream team".

À direita, os ataques mais duros: Geraldo Alckmin, do PSDB, que soma 8% nas pesquisas de opinião mais recentes, responsabilizou o PT "pelos 13 milhões de desempregados", e Álvaro Dias, do Podemos, classificou o partido de Haddad de "medalha de ouro da mentira". "Além disso, o PT distribuiu a pobreza", concluiu o candidato que soma meros 2%.

Guilherme Boulos, do PSOL, partido de extrema-esquerda, preferiu apontar baterias a Alckmin. "Nas planilhas da corrupção ds Odebrecht a alcunha do senhor era "o santo" mas todos sabemos que o senhor não é santo nenhum". "Temos de manter o [programa social] Bolsa Família e acabar neste país com o "bolsa banqueiro"", disse noutro trecho do debate. Os banqueiros também andaram sob a mira de Ciro. "A gente sabe que é a banqueirada que manda nesse país".

Nos discursos finais, tanto Ciro, como Alckmin, que ainda lutam por um lugar na segunda volta, apelaram à construção de uma terceira via. "Quem vota PT, porque não quer Bolsonaro, e quem vota Bolsonaro porque não quer o PT, saiba que quem pode ganhar tanto de um como de outro na segunda volta sou eu, segundo as sondagens, mas para isso preciso de lá chegar", lembrou o candidato do PDT. O concorrente do PSDB foi emotivo: "No candidato da descriminação e da intolerância não vote, esse não pode chegar à presidência, e o PT também não".

Antes, Haddad resumira o seu encerramento "a duas palavras, educação e emprego". "Como ministro da educação do Governo Lula, que gerou 20 milhões de empregos, eu coloquei milhões de jovens pobres nas universidades".

Marina foi clara na mensagem às mulheres. "Aqui estou eu, entre sete homens, representando você, mulher, e representando a única alternativa que pode unificar o país". E Álvaro Dias até aproveitou para seduzir as duas maiores torcidas de futebol do Brasil. "A seguir, saio daqui e vou ver o Corinthians-Flamengo no estádio", disse, ao despedir-se.

Cabo Daciolo, candidato do Patriotas, voltou aos debates depois de prolongada ausência por estar em reflexão e jejum num monte não identificado. E voltou com fé renovada: "Sinto que vou ganhar à primeira volta, com 51% dos votos". Para já as pesquisas atribuem-lhe entre 0 e 1%.

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