Três mortos confirmados. Suspeito do ataque já foi detido
Gökmen Tanis, de 37 anos, nascido na Turquia, foi detido ao final da tarde desta segunda-feira, após uma longa operação que se iniciou após o tiroteio, durante a manhã a um comboio do metro de superfície de Utrecht. Aquele que é o principal suspeito dos disparos, que causaram três mortos e cinco feridos graves, estava a ser procurado pelas autoridades, que horas antes tinham detido também um outro suspeito, alegadamente um irmão de Tanis.
De acordo com o jornal Algemeen Dagblad(AD), Tanis foi detido numa casa em Oudenoord, perto do local onde tinha deixado o carro que tinha utilizado no ataque, um Renault Clio de cor vermelha.
De acordo com as informações divulgadas pelos jornais holandeses, o suspeito tem antecedentes criminais, pois foi suspeito de violação e em 2013 foi também suspeito de tentativa de homicídio com arma de fogo. Mais recentemente foi acusado do roubo de um camião, de furto a uma loja, insulto e ameaça a um agente policial, ao cuspir na sua cara depois de ser apanhado a conduzir alcoolizado.
Pouco depois da divulgação desta imagem, o primeiro-ministro Mark Rutte falou em conferência de imprensa: "O nosso país está neste momento assustado com um ataque em Utrecht", declarou. "Um ato de terror é um ataque à nossa civilização, à nossa sociedade aberta e tolerante. Se é um ato de terror, há apenas uma resposta: o nosso estado de direito e democracia são mais fortes do que o fanatismo e a violência. Nós não permitiremos a intolerância. Nunca."
Rutte anunciou que as bandeiras do país serão colocadas a meia haste esta terça-feira em todos os edifícios do governo, adiantando que neste momento ainda "há muitas perguntas e rumores". Entretanto, o ministro da Justiça, Ferdinand Grapperhaus, afirmou que o suspeito agora detido "é conhecido da justiça", recusando no entanto a tecer mais comentários por existir uma investigação em curso.
A polícia holandesa já tinha detido um irmão de Gökmen Tanis para interrogação, depois de uma operação no colégio ROC Midden Nederland em Nieuwegein, onde o rapaz está a tirar um curso.
Numa altura em que as autoridades mantêm o cenário de atentado terrorista, a agência de notícias da Turquia AA, revelou que, afinal, o motivo do ataque poderá estar relacionado com problemas familiares, depois de ter falado com alguns vizinhos nos bairros de Kanaleneiland e Lombok, que afastam a possibilidade de motivações terroristas.
Essas fontes falam de uma dependência do álcool que o tornavam bastante instável. Zabit Elmaci, que trabalhou com Tanis num restaurante a lavar pratos, afirmou que o comportamento do suspeito piorou há um ou dois anos, depois de se ter divorciado. Alguns testemunhos dizem mesmo que ele terá disparado contra alguém da família da ex-mulher.
O presidente da Câmara de Utrecht, Jan van Zanen, assumiu em conferência de imprensa realizada esta tarde que "nem tudo esta esclarecido" neste momento, confirmando que o suspeito continua a ser procurado pelas autoridades. "Este é um dia negro para a nossa cidade. Pessoas inocentes foram atacadas quando iam a caminho dos seus trabalhos ou da escola, um acontecimento cruel que chocou a cidade, mas também a comunidade internacional", acrescentou.
Na mesma conferência de imprensa, realizada ainda antes de detido o principal suspeito, um porta-voz da polícia holandesa revelou que se realizaram "várias buscas domiciliárias", sendo que numa delas "foi detido um suspeito", que não era Gokman Tanis, embora tenha dito que "não está esclarecido até que ponto esse suspeito está envolvido no ataque". O representante da polícia deixou ainda claro que se mantém em cima da mesa a suspeita de "motivações terroristas, mas não são de excluir outros motivos".
Um tiroteio no metro de superfície na cidade de Utrecht, na Holanda provocou cinco feridos e, pelo menos um morto, de acordo com a agência de notícias daquele país. A polícia admite poder tratar-se de um ataque terrorista e como tal as autoridades decretaram inicialmente até às 18.00 horas o nível 5 (o mais alto) de ameaça naquela província, embora já o tenham estendido até às 22.00 horas (21.00 em Portugal continental). Ou seja, a Holanda está em alerta máximo, pela primeira vez na sua história. A polícia não exclui haver mais pessoas envolvidas e fala em "vários tiroteios" durante a manhã pela cidade.
O AD avança que o tiroteio em Utrecht registou-se por volta das 10.45 horas, com um número ainda não determinado de pessoas a dispararem sobre o metro de superfície.
De acordo com o jornal holandês De Telegraaf, as forças policiais tiveram de interromper a greve que estava em curso para acorrer ao local, onde acorreram a unidade de contraterrorismo e, pelo menos, três helicópteros a sobrevoar a zona. Segundo o Algemeen Dagblad, a polícia procurou e encontrou de um Renault Clio vermelho, numa zona da cidade chamada de Tichelaarslaan, que se suspeita ter sido usado pelo atirador para se colocar em fuga.
A polícia entrou ainda num prédio em Utrechtse Laan van Engelswier, perto do local onde foi encontrado o automóvel alegadamente usado pelo suspeito, a três quarteirões de Tichelaarslaan. O automóvel, que foi roubado pouco antes do tiroteio, já foi removido pela polícia, que irá analisá-lo no âmbito da investigação em curso.
Entretanto, uma testemunha do tiroteio citada pelo jornal NRC explica que viu alguém "disparar com uma grande arma". "Eu estava na parte detrás do comboio e ele ia atirando, parecendo estar a apontar para as pessoas que estavam sentadas nos bancos". Ainda segundo a mesma fonte, "o maquinista demorou a abrir as portas e dois rapazes que estavam ao meu lado partiram uma janela ao pontapé e por isso conseguimos fugir".
Uma outra testemunha entrevistada pela estação de televisão NOS, disse ter reparado no carro vermelho que alegadamente terá sido utilizado na fuga. "O automóvel estava com o motor ligado há cerca de três horas, com a janela ligeiramente aberta e um bilhete pendurado", disse a mulher, que revelou ter-se aproximado do carro e lido o que estava escrito no bilhete. "Li a última linha, mas prefiro não dizer o que lá estava", finalizou.
Poucas horas após o ataque, o primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, que se encontrava em Haia, considerou tratar-se de uma situação preocupante", tendo anunciado a constituição de um gabinete de crise. O rei Willem-Alexander e a rainha Maxima expressaram a sua "profunda tristeza pela morte das três pessoas e por outras terem ficado gravemente feridas" no ataque em Utrecht. "Estamos solidários com as vítimas e as duas famílias. Temos de permanecer unidos por uma sociedade em que as pessoas se possam sentir seguras e em que a liberdade e a tolerância prevaleçam", concluíram.
Em Utrecht foram fechados vários edifícios, entre os quais as mesquitas, tendo sido colocado em alerta o aeroporto Schiphol, em Amesterdão. Além disso, as escolas da cidade estiveram fechadas durante quase seis horas, com os alunos lá dentro, tendo sido reabertas ao final da tarde, poucas horas antes de o suspeito ser capturados, permitindo aos estudantes regressarem a suas casas.
Jan van Zanen, presidente da Câmara de Utrecht, afirmou logo pela manhã a prioridade era tratar dos feridos de um "incidente horrível e grave", garantindo que ao contrário das primeiras notícias "houve apenas um tiroteio" e não vários, tendo ainda apelado às pessoas para que ficassem em casa e para se manterem alerta.
A Cruz Vermelha abriu um site (ikbenveilig.nl) para que as pessoas possam informar os seus familiares e amigos que estão bem. Objetivo era facilitar a comunicação entre as pessoas numa altura em que foi decretado o mais alto nível de ameaça na província de Utrecht.
Aliás, o município e a polícia de Utrecht chegaram a publicar nas respetivas contas Twitter um apelo para que as pessoas não saíssem de casa, pois "novos incidentes não são de excluir". Também através da mesma rede social, a polícia local disponibilizou um site onde, que tem imagens do atentado, poderá enviá-las para que sejam analisadas na investigação.
Entretanto, a praça em frente à Câmara dos Deputados, em Haia, foi evacuada durante a tarde por causa de uma mala suspeita que terá sido abandonada no local.
O objeto estava foi encontrado num canto da praça, em frente ao Ministério da Defesa e à Câmara Baixa holandesa. O local foi de imediato fechado pelas autoridades e vigiada por forças da Polícia Militar Real, fortemente armadas. Contudo, a mala já foi analisada, não apresentando qualquer perigo, tendo a praça sido reaberta ao público.
Enquanto decorria a operação de caça ao homem pelas autoridades holandesas, a estação de televisão NOS revelou que a polícia alemã intensificou o patrulhamento das fronteiras por forma a intercetar o suspeito em caso de fuga.