Tiroteio de saudita em base aérea foi "ato terrorista", diz justiça dos EUA

O procurador-geral William Barr diz que o militar da Força Aérea da Arábia Saudita agiu com "motivação da ideologia jihadista". No tiroteio na base de Pensacola, em dezembro, morreram três pessoas.
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Foi um "ato de terrorismo", com o segundo-tenente da Força Aérea da Arábia Saudita a agir motivado pela "ideologia jihadista". Foi assim que o procurador-geral William Barr definiu esta segunda-feira o homicídio de três pessoas na base aérea de Pensacola, em dezembro. Um militar saudita que recebia formação abriu fogo sobre colegas de instrução e atingiu onze pessoas. Três morreram e o atirador foi também abatido por dois elementos da polícia.

As autoridades americanas acreditam que o homem atuou sozinho, mas expulsaram 21 outros militares sauditas que recebiam formação nos EUA por difundirem mensagens jihadistas e antiamericanas nas redes sociais.

O anúncio ocorreu numa conferência de imprensa em que também participou David Bowdich, do FBI. Em dezembro, o FBI já tinha adiantado que a investigação iria ser efetuada como se fosse um ato de terrorismo. As diligências realizadas confirmam que foi mesmo um ato motivado por ideologia, disseram esta segunda-feira os dois responsáveis.

As conclusões do Departamento de Justiça foram anunciadas pouco mais de um mês depois de o piloto saudita, o segundo-tenente Mohammed Alshamrani, abrir fogo na Base Aérea Naval de Pensacola. O atirador de 21 anos fazia parte de um programa de treino dos EUA para as forças armadas sauditas.

Os investigadores descobriram que, a 11 de setembro do ano passado, o atirador colocou nas redes sociais que "a contagem decrescente começou". Também verificaram que o homem visitou o Memorial do 11 de setembro na cidade de Nova Iorque no fim de semana do Dia de Ação de Graças. Além disso, também postou "mensagens anti-americanas, anti-israelitas e jihadistas" nas redes sociais duas horas antes do ataque, disse William Barr.

Dias após o ataque, a Marinha afastou mais de 300 cidadãos sauditas que estavam a treinar nos EUA para serem pilotos. O vice-secretário de Defesa David Norquist ordenou que os oficiais da Defesa reforçassem os procedimentos de verificação deste pessoal que recebe formação militar.

Alshamrani tinha iniciado o curso de três anos, em agosto de 2017, em inglês, aviação básica e treino inicial de pilotos, disseram as autoridades americanas. Foi um dos 5180 estudantes estrangeiros, incluindo 852 cidadãos sauditas, de 153 países que foram para os EUA para treino militar. Muitos operam equipamentos militares norte-americanos que governos estrangeiros compram dos Estados Unidos. A Arábia Saudita é o maior comprador mundial de armas, e muitas delas são de fabrico americano.

Barr disse que Alshamrani chegou sozinho à base em 6 de dezembro, desmentindo relatos anteriores de que estava acompanhado por cadetes sauditas. Os outros sauditas estavam na área e gravaram vídeos do caos gerado com o tiroteio. Cooperaram com os investigadores, disse Barr, que também realçou que o reino saudita ordenou a total colaboração dos seus militares com a investigação.

Embora não haja provas de que outros elementos das forças armadas sauditas que recebiam treino nos EUA estejam envolvidos no ataque ou tivessem conhecimento prévio, Barr disse que os investigadores descobriram que 21 desses militares sauditas postaram mensagens depreciativas nas redes sociais, muitas das quais eram anti-americanas .

Estes 21 sauditas são todos expulsos e o procurador disse que 17 deles propagaram mensagens jihadistas e que 15 tinha contactos com material de pornografia infantil.

William Barr criticou ainda a Apple por não contribuído para desbloquear os dois iPhones do atirador.

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