Tirar fotografias por baixo da saia vai ser crime no Reino Unido
O Reino Unido decidiu tomar medidas para impedir os casos de "upskirting", prática em que as partes íntimas são fotografadas por baixo das saias sem consentimento. Desde a última terça-feira, 12 de fevereiro, que o "upskirting" é crime e quem for condenado pode incorrer numa pena até dois anos de prisão. Nos casos mais graves, os perpetradores podem inclusivamente entrar na lista de agressores sexuais.
O "upskirting" é normalmente feito em espaços públicos como supermercados, transportes públicos ou discotecas. Até agora, e de acordo com a legislação do Reino Unido sobre voyeurismo, qualquer ato deste género só poderia ser denunciado por uma testemunha, o que raramente acontecia, já que o autor normalmente se aproveita do facto de estar no meio de uma multidão para agir.
Na sequência da criminalização do "upskirting", a secretária de Estado da Justiça britânica, Lucy Frazer, afirmou que a partir de agora as denúncias das vítimas serão levadas a sério e que "os responsáveis por tais atos degradantes vão enfrentar penas de prisão".
Esta iniciativa foi promovida pelo governo de Theresa May em junho do ano passado, mas a campanha para conseguir que a prática fosse considerada um crime começou há 18 meses, após o caso de Gina Martin, que sofreu um ataque durante um festival de música. Depois de verificar que dois homens tinham fotografado por baixo da sua saia com os telemóveis, decidiu apresentar queixa à polícia, mas foi em vão, já que o facto não constituía crime. Martin não baixou os braços e lançou uma campanha no Facebook, tendo reunido mais de 50 mil assinaturas para reabrir o caso, e recebeu o apoio de políticos e celebridades. O assunto acabou por ser discutido no parlamento britânico por iniciativa individual de alguns deputados.
O conservador Christopher Chope foi o único que se opôs à criminalização do "upskirting", sob gritos de "vergonha" dos restantes deputados. Após fracassar a primeira tentativa, a primeira-ministra britânica comprometeu-se a não desistir, tendo considerado a prática "uma horrível invasão de privacidade que degrada e angustia as vítimas".