Durante anos e anos, o Golf foi o modelo mais vendido da Volkswagen, no mundo. Mas o mercado mudou para os SUV, de modo que era apenas uma questão de tempo até o equivalente SUV do Golf (partilhando a mesma plataforma MQB) o ultrapassar nas vendas da gama VW. Isso já aconteceu e o Tiguan é agora o modelo mais vendido da marca a nível de vendas mundiais. Só em 2020 vendeu 911 000 unidades. É também o SUV mais vendido na Europa, tendo ultrapassado o Nissan Qashqai..Foi esta sequência de eventos que me colocou ao volante do Tiguan 1.4 TSI PHEV de 245 cv. Uma versão que utiliza a mesma macânica híbrida do Golf GTE e de vários outros modelos do grupo VW. O motor a gasolina é o 1.4 TSI turbocomprimido com 150 cv, a que está acoplado um motor elétrico de 116 cv e uma caixa de dupla embraiagem e seis velocidades que move as rodas da frente. A potência total combinada é de 245 cv. A bateria está sob o piso da mala, tem 9,2 kWh de capacidade e anuncia uma autonomia em circuito misto de 49 km. Os tempos de carga são 5h00, numa tomada de 2,3 kW e 3h40 numa de 3,7 kW..O estilo muito discreto do Tiguan não o destaca, o que muitos condutores agradecem. Mas o SUV da VW brilha no interior, com três verdadeiros lugares na segunda fila e uma mala com capacidade de 476 litros, menos 139 que as versões não híbridas mas mais que suficiente..A posição de condução é alta o suficiente para um SUV deste tamanho (4,5 metros) com ajustes amplos do volante e banco confortável, com apoio lateral suficiente. A visibilidade é boa em todas as direções e a qualidade está ao nível dos melhores..Em modo 100% elétrico, o Tiguan PHEV tem grande desembaraço no trânsito citadino, apesar dos seus 1811 kg. A resposta do acelerador é pronta, sem exageros. A calibração, ou seja, a afinação dos comandos principais é sempre o segredo para a uma condução suave e progressiva. Mais ainda num "plug-in". E no Tiguan PHEV foi mesmo isso que encontrei: direção com a assistência certa, travões fáceis de dosear e com a função "B" de maior regeneração na desaceleração. Não eleva a retenção ao ponto de parar o carro, é sempre preciso usar o travão e não exige grande habituação..A suspensão tem um tato muito confortável no mau piso, combinando isso com um controlo muito preciso das massas, em mudanças de direção mais rápidas. Os pneus 215/65 R17 desta versão Life (também há uma R-Line mais desportiva) são a escolha certa..O meu teste de consumo em cidade, no modo 100% elétrico, indicou um consumo de 17,5 kWh, o que equivale a uma autonomia de 43 km, próxima da anunciada. Quando a bateria se esgotou, o sistema passou ao modo híbrido e reiniciei o meu teste, obtendo um consumo de 4,9 l/100 km, em cidade. Em autoestrada, o consumo em modo híbrido foi de 6,9 l/100 km..No modo híbrido (com a bateria descarregada) foi fácil ver que os bons consumos se conseguem com a frequente intervenção do motor elétrico, capaz de assegurar sozinho o andamento muitas vezes, sobretudo em cidade. Num dos percursos, o sistema indicou 56% da distância feita com zero emissões..Muito estável e confortável em viagens por autoestrada, o Tiguan PHEV não enjeita uma passagem mais apressada por uma estrada secundária. Escolhendo o modo de condução GTE, o acelerador fica mais sensível e a potência elétrica muda para função "boost". Os 245 cv ficam mais evidentes e, numa aceleração a fundo, este Tiguan é capaz de ir dos 0 aos 100 km/h em apenas 7,5 segundos, o que lhe dá um ritmo quase de desportivo. E quando chegam as curvas, enfrenta-as com competência. A inclinação lateral está bem controlada e o Tiguan mantém a trajetória com facilidade. Claro que não tem apetência desportiva, mas impressiona a maneira rápida como sai das curvas lentas, colocando rapidamente no asfalto a força dos dois motores..A cada 35 segundos sai de uma das quatro fábricas em que é feito um Tiguan e não admira que seja um sucesso de vendas. É um SUV sem grandes falhas, com muitos méritos e fácil de usar. Esta versão PHEV acrescenta a dimensão híbrida recarregável que começa a fazer parte da vida de muitos automobilistas.