"Vamos ao trabalho". Theresa May vai formar governo
O partido Conservador vai formar um governo minoritário com o apoio dos unionistas da Irlanda do Norte, afirmou hoje a primeira-ministra britânica, Theresa May, após uma audiência com a rainha Isabel II.
"O que o país precisa, mais do que nunca, é certeza. Tendo assegurado o maior número de votos e de lugares [no parlamento] nas eleições legislativas, é claro que apenas o partido Conservador e o Partido [Democrático] Unionista têm legitimidade e capacidade para providenciar essa certeza ao controlar uma maioria [absoluta] na Câmara dos Comuns"", disse, num discurso à porta da residência oficial, em Downing Street.
May afirmou que vai continuar a trabalhar com os "amigos e aliados" do Partido Democrático Unionista, mas não clarificou se iria formar uma coligação ou apenas fazer um acordo parlamentar.
[citacao:Os nossos dois partidos têm tido uma relação forte ao longo de muitos anos e isto dá-me confiança para acreditar que vamos conseguir trabalhar juntos no interesse de todo o Reino Unido]
A primeira-ministra referiu que "este Governo vai conduzir o país através das negociações cruciais para o 'Brexit', que começam daqui a apenas 10 dias, e concretizar a vontade do povo britânico ao tirar o Reino Unido da União Europeia".
Por outro lado, acrescentou, vai "trabalhar para manter o país seguro ao implementar as mudanças" prometidas após os "ataques terríveis em Londres e Manchester, reprimindo o extremismo islamita e todos os que o apoiam, e dar à polícia e às autoridades o poder de que precisam para manter o país seguro".
A líder do partido Conservador enfatizou que o seu governo vai promover a prosperidade e mobilidade social.
"Vai colocar a justiça e as oportunidades no centro de tudo o que fizer para que cumpramos a promessa do 'Brexit' juntos e nos próximos cinco anos construamos um país em que ninguém nem nenhuma comunidade fique para trás", salientou.
Os votos
Declarados 649 dos 650 lugares na Câmara dos Comuns, o partido Conservador elegeu 318, menos oito do que os necessários para uma maioria absoluta e menos 12 do que aqueles que tinha antes das eleições.
O partido Trabalhista adicionou 32 aos 229 que possuía, somando 261 deputados.
O Partido Nacionalista Escocês conquistou 35 lugares (-21), os Liberais Democratas 12 (+3), o Partido Democrático Unionista (Irlanda do Norte) 10 (+2), o Sinn Féin sete (+3), os nacionalistas galeses do Plaid Cymru quatro (+1), os Verdes um e foi eleito um independente na Irlanda do Norte.
Somados os lugares alcançados pelos Conservadores e os do Partido Democrático Unionista, 318 + 10, Theresa May consegue a maioria que lhe permite formar governo.
O outro "vencedor"
As negociações entre os dois partidos decorreram até tarde ontem à noite, depois dos resultados das eleições terem confirmado que os Conservadores britânicos tinham perdido a maioria absoluta. Fontes citadas pelo The Guardian referem que as conversações foram retomadas esta manhã, movidas pela possibilidade de Jeremy Corbyn, líder dos Trabalhistas, poder formar governo.
O líder dos Trabalhistas, Jeremy Corbyn, afirmou hoje que o seu partido foi o verdadeiro vencedor destas eleições legislativas e manifestou-se pronto para formar governo e conduzir as negociações para o Brexit.
Numa entrevista transmitida pela BBC, Corbyn reiterou a opinião de que a primeira-ministra, Theresa May, deve apresentar a demissão perante o fracasso de obter a maioria "forte e estável" que pretendia.
O líder trabalhista reivindicou um "aumento enorme dos votos em todo o país" para invocar uma vitória moral das eleições, mesmo se o partido Conservador conquistou mais assentos na Câmara dos Comuns.
"Nós apresentámos as nossas políticas e tiveram uma enorme adesão. Penso ser claro quem é que ganhou estas eleições", disse.