"The Crown" viaja até aos anos 60 na segunda temporada

Estreia esta sexta-feira, 8 de dezembro, a segunda temporada de uma das produções mais caras da plataforma de streaming. É a última de Claire Foy, vencedora do Globo de Ouro de melhor atriz.
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A segunda temporada de The Crown era há muito aguardada. Hoje é o dia. Chegam à plataforma Netflix dez novos episódios da série sobre o reinado de Isabel II. É uma série completamente diferente, declarou à imprensa britânica a atriz Claire Foy, a protagonista, questionada sobre o que aí vem.

A história (re)começa em 1957 cinco anos depois da coroação de Isabel II, em plena crise do canal de Suez, e acompanha a família real britânica até 1964. Isabel II, nascida em 1926, é agora uma mulher na casa dos 30, mãe de dois filhos, Carlos e Ana. Nascem os príncipes André (1960) e Eduardo (1964). E o príncipe Philip ganha protagonismo.

A trama de Peter Morgan - especialista em ficção histórica e autor do argumento de A Rainha (2006), com Helen Mirren, e da peça de teatro The Audience, com Kristin Scott Thomas - procura estabelecer uma linha entre o homem que casa com Isabel de Windsor e a sua infância, aos cuidados de Lord Moutbatten, no homem, pai e príncipe em que se torna. Vincam-se aspetos da relação com o filho mais velho, herdeiro ao trono. Neste momento, sou ultrapassado em importância por uma criança de cinco anos é um dos (tensos) diálogos escolhidos para o trailer da segunda temporada.

Por esta altura, Philip empreende uma viagem à volta do mundo que durou quatro meses a bordo do iate real. O afastamento suscita rumores de crise entre o casal nos tabloides. Claire Foy aborda o assunto numa entrevista ao jornal britânico The Guardian: Em última análise seria estranho fazer de que Armstrong-Jones era apenas um fotógrafo, que Eduardo VIII nunca teve um escândalo na sua vida e que o príncipe Philip foi inteiramente devotado à rainha. Não é um retrato fiel destas pessoas e não é uma verdadeira exploração das suas características. Seria como dizer que a rainha nunca esteve longe dos filhos.

Vê-se como a família real começa a mudar para acompanhar os tempos e compreende que as coisas e as pessoas estão diferentes, e começa a ver-se a evolução de uma monarquia moderna, diz Foy.

É a época em que a boémia princesa Ana (Vanessa Kirby) se envolve com Anthony Armstrong-Jones, com quem virá a casar-se, fazendo regressar o espetro de escândalo à Casa Real para horror da rainha-mãe (Victoria Hamilton). E em que a rainha dois novos primeiros-ministros: Anthony Eden (Jeremy Northam) e Harold MacMillan (Anton Lesser).

John F. Kennedy, interpretado pelo ator Michael C. Hall (conhecido como Dexter), é eleito presidente dos EUA. Em The Crown é retratado como um líder capaz de enfrentar multidões, mas alguém que vive atormentado pela popularidade da mulher e um ciumento que só se mostra entre quatro paredes. Jackie Kennedy (Jodi Balfour), por outro lado, é uma mulher tímida que detesta a vida pública e se esconde atrás de uma carapaça de confiança e glamour.

Para Claire Foy, vencedora do Globo de Ouro de Melhor Atriz, e Matt Smith esta será a última temporadas. Acompanhando o envelhecimento da rainha e do príncipe. os atores serão substituídos por intérpretes mais velhos. A atriz Olivia Colman, 43 anos, será a próxima Isabel II.

Mal posso esperar para ver e penso que quem venha a fazer será extraordinário porque esta é uma extraordinária equipa, disse Claire Foy. Nunca verei [a substituição] com o sentimento de amargura ou arrependimento.

Diana na próxima temporada

Estão previstas seis temporadas, cobrindo todo o reinado da rainha, a monarca há mais tempo no trono. Mas Peter Morgan planeia um salto temporal entre a segunda e a terceira temporadas e, novamente, entre a série quatro e cinco. A princesa Diana aparecerá no final da próxima temporada. A sua personagem prevê-se central na quarta e quintas temporadas. Como ela, outras figuras de relevo se vão converter em personagem.

Mas quão rigoroso é o retrato feito da rainha? A pergunta paira na cabeça dos espectadores. Peter Morgan responde: É como se eu pintasse um quadro, n ão posso tirar a minha mão dele, da mesma maneira que se fosse perfeição tudo o que procuramos tiraríamos uma fotografia, afirmou o argumentista ao diário The Telegraph. Não é o que estamos a fazer aqui. Tentamos entrar na cabeça dela e responder aos desafios que ela enfrenta.

The Crown é considerado um dos produtos mais caros já produzidos pela Netflix, buscando rigor em todos os detalhes. Foi o que aconteceu com o vestido de casamento da rainha, avaliado em 30 mil libras. Claire Foy queixou-se do peso, mas foi feito para ser uma cópia exata do modelo criado por Norman Hartnell. Tal como os detalhes da celebração. Sem autorização para usar Westminster, as cenas foram rodadas na Catedral Ely. Lancaster House substitui os interiores do Palácio de Buckingham.

Os diálogos partem das situações históricas e da informação pública conhecida - discursos públicos e correspondência com altas figuras do Estado britânico. Foi, por exemplo, com base na carta de despedida a Winston Churchill, que Peter Morgan escreveu a cena do discurso de agradecimento ao antigo primeiro-ministro na primeira temporada.

Há momentos em que eu gostaria muito que ela respondesse de uma certa maneira, mas pouco depois nós já sabemos - ela nunca teria dito isto, arrisca Peter Morgan. Mas o que é que eu sei? Nunca a conheci.

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