Terrorista marroquino recebia apoio financeiro do Estado e viveu num centro social

'Jihadista' detido em França chegou a pedir Rendimento Social de Inserção, mas foi-lhe negado
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O alegado jihadista marroquino que viveu em Portugal, e foi detido no passado fim de semana em França, esteve alojado durante cerca de meio ano num centro social e, enquanto refugiado, recebia apoio financeiro do Estado português.

A notícia é avançada esta quarta-feira pelo Jornal de Notícias: Hicham el Hafani, que é suspeito de estar envolvido na preparação de um atentado em França, entrou em Portugal em outubro de 2013 como refugiado, alegando ser perseguido politicamente em Marrocos, e desde novembro desse ano até junho de 2014 viveu na Fundação CESDA - Centro Social do Distrito de Aveiro em Paço, Esgueira. Por não ter profissão conhecida, e devido ao estatuto de refugiado, recebia apoio financeiro do Estado português: 190 euros de subsídio para pequenos gastos. No CESDA, era-lhe fornecido alojamento, alimentação e acompanhamento social.

Em julho de 2014, o marroquino de 26 anos foi considerado "autonomizado" e em condições para sair da instituição. Alugou um quarto na Gafanha da Nazaré com um amigo, que segundo o JN era igualmente refugiado, e passou a receber 250 euros da Segurança Social para se sustentar. O jornal indica que não é sabido se Hicham chegou a trabalhar na região de Aveiro, mas caso o tenha feito não existe qualquer contrato em seu nome. O marroquino tentou ainda pedir o Rendimento Social de Inserção, mas foi-lhe negado.

Hicham el Hanafi foi detido com outros seis suspeitos jihadistas, de nacionalidade francesa e afegã, durante uma operação conduzida na noite de sábado para domingo em Estrasburgo e em Marselha. O ministro do Interior francês, Bernard Cazeneuve, disse que a operação antiterrorista permitiu "frustrar" um novo atentado que o grupo estaria a preparar para aquele país. A investigação decorria "há mais de oito meses" e, de acordo ainda com Cazeneuve, procurar-se-á "definir os respetivos papéis das pessoas detidas e determinar se o atentado frustrado era um ataque coordenado para atingir simultaneamente vários locais.

Segundo informações recolhidas pelo DN, em Portugal, Hanafi não cometeu crimes nem a PJ conseguiu provas de recrutamentos. Por isso nunca o deteve. "Utilizava o nosso país como base e ponto de passagem para circular na Europa, nomeadamente a Marselha, onde há vários registos das suas deslocações", adianta uma fonte próxima deste processo, garantindo que "nunca foram recolhidos indícios de atividade criminosa ligada ou não ao terrorismo que sustentasse uma detenção".

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