Terrorista galego detido no Porto planeou atentado contra PP
Héctor José Naya Gil, de 33 anos, de nacionalidade espanhola, foi detido na quarta-feira no aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto, quando tentava embarcar num voo para Caracas (Venezuela), com um passaporte venezuelano falso.
De acordo com uma sentença da Audiencia Nacional de 5 de dezembro, que a agência Lusa teve acesso, o galego foi condenado a 11 anos de prisão (5 anos por "participação em organização terrorista" mais seis anos por "colocação de artefactos explosivos com fins terroristas").
Em causa está a detonação de duas bombas junto de antenas de radiotelevisão em Monte Sampaio de Vigo (Pontevedra), em agosto de 2012, e colocação de outras duas (bombas caseiras com quase 1,5 quilos de pólvora e recipientes de gasolina) que não rebentaram.
A detonação dos dois artefactos apenas causou estragos materiais, mas a Audiencia Nacional considerou, na sentença, que o rebentamento das outras duas teria "ocasionado lesões graves, incluindo a morte, a qualquer pessoa que se encontrasse nas suas imediações".
Após o rebentamento das bombas, os dois cúmplices de Héctor reivindicaram o atentado em nome da "Resistência Galega" através de um comunicado enviado às redações dos jornais da região, incluindo o Faro de Vigo, que fez queixa às autoridades.
A Audiencia Nacional deu ainda como provado que, em inícios de setembro de 2012, três meses depois de detonar as bombas em Pontevedra, Héctor Gil e um cúmplice foram de Vigo "até à localidade de Moaña, dirigindo-se à rua em que está a sede do PP [Partido Popular espanhol, atualmente no poder], observando o local e inspecionando as ruas e as vias adjacentes, com o objetivo de realizar um atentado com explosivos".
"Essa viagem tinha como fim exclusivo fazer o reconhecimento do local, a sede do PP, com o objetivo de ações futuras com explosivos contra o mesmo", escreve o tribunal. Héctor foi detido pouco depois, em setembro de 2012, e começou a ser julgado em outubro de 2014.
Pouco depois de ser confirmada a sentença de 05 de dezembro último, Héctor Gil fugiu às autoridades espanholas e a Audiencia Nacional emitiu uma "ordem de captura", disse à Lusa fonte oficial do tribunal.
A Audiencia Nacional, uma instância especial com jurisdição sobre toda a Espanha e especialista em crimes graves como terrorismo, corrupção ou crime financeiro, também descreve o movimento Resistencia Galega na sua sentença.
"A denominada "Resistencia Galega" é uma organização terrorista cujo objetivo é o de conseguir a independência do território histórico da Galiza face a Espanha e uma parte do Norte de Portugal, subvertendo para isso a ordem constitucional na Comunidade Autónoma [...], justificando o uso da violência contra pessoas e bens como única forma de alcançar os seus propósitos", escreve o tribunal.
Héctor Naya Gil está hoje no tribunal da Maia para responder sobre o crime de falsificação de documentos e deverá ser extraditado nos próximos dias, a fim de cumprir os 11 anos de pena de prisão em Espanha.