Terceiro lugar não abala Jesus antes do confronto pelo pódio
Separados por um ponto apenas. Assim estão Sporting (28) e Sp. Braga (27) antes do duelo de hoje (20.15, Sport TV1), que decidirá se os leões ficam no último lugar do pódio ou na quarta posição após a 14.ª jornada. Para Jorge Jesus "está tudo em aberto"... até o título. E estar atualmente em terceiro "não retira confiança à equipa" para o resto do campeonato.
A próxima batalha é hoje frente aos guerreiros do Minho, orientados por Abel Ferreira, um ex-leão, que assim faz a ponte entre José Peseiro e Jorge Simão (ver caixa). Uma mudança que não se fará sentir já, segundo Jesus, que espera "um Braga dentro das ideias que vinha tendo", pois "um treinador não muda as ideias de uma equipa em dois ou três dias". A diferença é que "o trabalho é de Peseiro, as decisões serão do atual treinador". Ou seja, de Abel.
Numa conferência de imprensa com apenas cinco perguntas, o treinador leonino elogiou a equipa adversária. "O Sp. Braga é uma equipa de elite do nosso campeonato, com tradição, com competência e muito valor. Vai ser um jogo competitivo, apertado, e espero que o Sporting esteja à altura para sair de Alvalade com uma vitória", desejou, ele que espera oferecer o triunfo aos adeptos no seu jogo 500 na I Liga.
Na opinião de Jesus, os leões estão em crescendo e as equipas adversárias encaram o leão com mais respeito e cautelas: "O Sporting continua a melhorar em relação às suas ideias de jogo e aumentou a competitividade. O Sporting hoje é um adversário muito mais consciente e os adversários olham-nos com muito valor, mais do que era habitual."
O treinador gostou de saber que Iker Casillas (guarda-redes do FC Porto) considerou o futebol dos leões mais atrativo do que o do Benfica. "É uma opinião. Fez uma leitura aos dois jogos contra Benfica e Sporting e faz uma avaliação consoante essas partidas. Acho que ele tem razão e só se consegue ter sucesso com qualidade de jogo, que faz que se ganhe mais vezes", disse, recusando optar por um estilo de jogo mais pragmático e menos vistoso.
Jesus, porém, deixou nas entrelinhas que o Benfica lidera porque tem sido mais regular: "No futebol, quem vai à frente é o melhor, é factual. Nos jogos com os grandes, se calhar foi essa ideia que se deu, mas não houve só jogos contra os grandes... e acho que é por isso que estão na frente."
Quanto à saída de Peseiro e às chicotadas na Liga (nove até agora), o técnico leonino lamentou o infortúnio de nove colegas de profissão e apontou "a pressão de ganhar" como principal justificação.
Sem sentimento de vingança
Para Abel, treinador interino do Sp. Braga, é uma "honra" liderar a equipa em Alvalade, um palco que conhece bem e onde terá "uma oportunidade única" de ultrapassar os leões na tabela em caso de vitória. E sem pressão alguma: "A pressão de ganhar está do lado do adversário, sob pena de ficar mais longe do objetivo de ser campeão."
Segundo o treinador, o Sporting é uma equipa com uma "filosofia de jogo muito própria e que tem um dos melhores treinadores portugueses". Mas isso não significa que seja invencível: "Sabemos que é uma tarefa difícil, mas não impossível, temos as nossas possibilidades."
Na ressaca da saída de José Peseiro, o treinador da equipa B optou nesta altura por trabalhar mais a vertente psicológica dos jogadores. "Em três dias, o que podes fazer é apelar ao seu carácter, ao seu brio...", explicou o interino, sem dramatizar a saída do antecessor.
Abel deixou o comando do Sporting B em 2014, dispensado por Bruno de Carvalho, mas não guarda rancor ao clube ou ao presidente leonino. "Tenho uma imagem e uma credibilidade no futebol e não há dinheiro nenhum no mundo que pague isso. Tenho liberdade intelectual e financeira que me permitem pensar e falar como quero. Na vida isto acontece quando as ideias não são convergentes, foi o que aconteceu , ninguém tem de ficar chateado, cada um segue a sua vida", respondeu Abel, que hoje tentará vencer alguns dos jogadores que treinou na Academia, como Rúben Semedo, Gelson e Esgaio...