Quer uma vida melhor? Quer um país melhor? Quer ter uma palavra a dizer? O caminho é só um: votar. Escolher. Participar. Ser cidadão por inteiro..A abstenção, se fosse um partido, estaria em consolidação desde 1975. Já teria sido Governo por diversas legislaturas. Poderia, até, pelo menos, ter andado perto da maioria absoluta..Só que a abstenção não tem programa governativo, não tem propostas setoriais. Não se sabe o que quer para a Saúde ou para a Educação. Não defende mais ou menos impostos. Não explica o que pensa para a Cultura ou para a Segurança Interna. Nunca apresentou um programa de investimentos públicos ou uma proposta de subida de salários e reformas..A abstenção é isto. Um vazio. Uma total falta de ideias e de propostas. Não quer dizer nada, embora, em dia de eleições, não haja comentador que não recupere o estafado afastamento entre eleitores e eleitos, ou o desvio das principais propostas relativamente às expectativas dos cidadãos. Mas tudo isto é uma interpretação, uma especulação..Com efeito, se olhássemos para a abstenção como uma afirmação organizada de uma posição de cidadania; ou se o sistema se tivesse degradado ao nível da deliquescência de outros países que passam nos noticiários das nossas televisões, talvez assim houvesse espaço para alguma complacência..Todavia, a abstenção não passa por aqui. Não é uma estrutura, não é uma escola de ação ou de pensamento..De acordo com um inquérito divulgado recentemente pelo Parlamento Europeu, a "falta de confiança ou insatisfação com a política em geral" é o principal motivo que afasta os eleitores portugueses. Em sentido inverso, a principal razão invocada foi o "dever enquanto cidadão"..Foquemo-nos, para já, na argumentação dos abstencionistas e tentemos enquadrá-la nas nossas vidas. Um exemplo fácil. Por que razão mudamos voluntariamente de emprego ao longo da vida? Naturalmente, porque acreditamos que estamos a mudar para melhor, e, por isso, temos a coragem de escolher novos caminhos, de fazer novas opções..E esta é a raiz do voto. Ou seja, os motivos invocados pelos abstencionistas fundamentam a ação e não a inércia, convocam para o voto, e não para a demissão cívica ou da tentativa de participação na mudança..Sentimo-nos marginalizados pelo sistema democrático? Não acreditamos nos seus protagonistas? Então, temos de contribuir para a mudança. Temos de participar nos partidos, nas associações, ou de criar novas estruturas se não nos revirmos nas atuais..Com a subida da abstenção, entregamos o destino das nossas vidas e das nossas famílias nas mãos de uma minoria cada vez mais escassa..Até dia 6 de outubro temos de combater este alheamento, esta demissão cívica. Temos o direito e o dever de ser cidadãos por inteiro..Não reivindique só nas redes sociais. O seu voto pode fazer a diferença. Tenha a responsabilidade de decidir e vá votar..Rita Rodrigues é responsável de Relações Institucionais da DECO PROTESTE