TAP vai ligar Lisboa e Porto a 39 euros para competir com CP e Ryanair

Embarques e desembarques vão ser mais rápidos. Portugália passa a TAP Express
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Voos de hora a hora entre Lisboa e Porto, com preços que vão competir com os do comboio, e já a partir de março. Este é o plano da nova gestão da TAP, que pretende reforçar as ligações entre as duas maiores cidades do país. A notícia foi avançada pelo JN e confirmada esta quinta-feira em conferência de imprensa por Fernando Pinto, o presidente da companhia, na apresentação do novo plano operacional do Grupo TAP.

Os voos serão operados pela nova TAP Express, que vai substituir a Portugália, que entretanto se torna uma companhia regional. Serão 16 voos diários, ida e volta, entre Lisboa e Porto. Ao todo, "114 voos por semana", explicou Fernando Pinto. Cada viagem custará 39 euros com tudo incluído.

"O passageiro chega ao aeroporto e tem um canal exclusivo para entrar na ponte aérea. Aqui e no Porto", sublinhou.

A TAP estará a procurar imitar o que já acontece em alguns países europeus, onde as companhias aéreas oferecem ligações frequentes e a baixo custo entre as principais cidades. Terá já começado a negociar melhorias nas condições de acesso dos passageiros aos aviões, tanto no aeroporto da Portela, em Lisboa, como no aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto. O objetivo será tornar mais rápido o embarque e desembarque nas viagens entre Lisboa e Porto.

Os voos serão mais frequentes, pelo menos de hora a hora, e os preços irão competir com os praticados pela CP, sendo que a viagem de avião é bastante mais curta do que a de comboio: leva menos de uma hora. Atualmente, ir do Porto a Lisboa de comboio custa cerca de 25 euros no Intercidades e 30 euros no Alfa Pendular. E mesmo no Alfa, o percurso demora duas horas e 35 minutos.

Outro objetivo da TAP é incentivar Lisboa como um hub, plataforma de distribuição dos passageiros que chegam dos EUA, África e América do Sul e pretendem seguir viagem para a Europa. A companhia deverá mesmo permitir que os turistas fiquem na capital de forma gratuita.

Além do reforço das ligações entre Lisboa e o Porto, a TAP vai também reforçar em 59 frequências semanais as ligações a destinos já operados pela transportadora aérea nacional.

"Preferimos muito mais aumentar o número de frequências [do que o número de destinos]. Precisamos cada vez mais de consolidar a nossa posição nos destinos fortes", defendeu o presidente executivo.

Portugália passa a TAP Express

A Portugália (PGA), a transportadora regional do grupo TAP, vai passar a chamar-se TAP Express, e até julho vai ter a frota totalmente renovada com 17 aviões. Em conferência de imprensa, Fernando Pinto explicou que "duas marcas diferentes confundem os clientes", sobretudo os estrangeiros que "estranham muito".

Além da nova marca, a transportadora regional da TAP vai ter a frota totalmente renovada com aviões novos, adquiridos em 'leasing', num investimento total de cerca de 400 milhões de euros.

Além da aquisição de novos aviões, o plano de investimento na transportadora com vocação regional prevê um aumento da frota, que atualmente tem 16 aviões - seis Fokker 100, oito Embraer 145Private e dois Beechcraft 1900D - para 17 aeronaves (oito ATR52 com capacidade para 70 passageiros e nove Embraer 190 com capacidade para 100 passageiros).

Fernando Pinto realçou que a nova frota da Portugália (TAP Express) é 40% mais eficiente do que a frota atual.

Desde a privatização da companhia aérea nacional, formalizada a 12 de novembro, os novos donos da TAP - os empresários Humberto Pedrosa e David Neeleman - anunciaram a encomenda de 53 aviões à Airbus Widebody e de corredor único, onde se incluem 14 A330-900neo e 39 A320neo (15 A320neos e 24 A321neos), a que se juntam agora os novos aviões para a PGA.

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Negociações com o Estado prosseguem

A Atlantic Gateway, que controla 61% do capital da TAP, e o Governo referiram quarta-feira, no final de uma reunião, que vão prosseguir as negociações para que o Estado recupere a posição maioritária na empresa.

"Há negociações e vai haver muito mais", afirmou o empresário Humberto Pedrosa, que controla a TAPjuntamente com o David Neeleman, no final do encontro com o ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques.

Em declarações aos jornalistas, Humberto Pedrosa disse que ainda "não há propostas concretas".

"Tudo está em cima da mesa", afirmou.

Fonte do gabinete do ministro Pedro Marques disse, por seu lado, que as negociações vão continuar.

"Vamos continuar a negociar e a aprofundar as negociações", afirmou.

O acordo de conclusão da venda direta de 61% do capital da TAP foi assinado no dia 12 de novembro entre a Parpública, empresa gestora das participações públicas, e o agrupamento Gateway, na presença da então secretária de Estado do Tesouro, Isabel Castelo Branco, do então secretário de Estado das Infraestruturas, Transportes e Comunicações, Miguel Pinto Luz.

A reunião de quarta-feira foi a terceira realizada desde que o Governo, liderado por António Costa, tomou posse.

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