Swaps do Totta vão cobrar cada vez mais juros a contribuintes
Os contratos swaps celebrados entre o Santander Totta (BST) e as empresas públicas de transporte não sofreram qualquer alteração com o recente acordo fechado entre o governo e o grupo espanhol sobre os pagamentos em atraso. Estes swaps vão assim continuar a acumular juros ao longo dos próximos trimestres, já que é expectável que as taxas de juro do BCE se mantenham a níveis reduzidos nos tempos mais próximos.
Na sequência do acordo fechado entre o Estado e o Totta, Metro do Porto, Metro de Lisboa, Carris e STCP ficaram obrigados a saldar, o quanto antes, 529 milhões de euros relativos aos compromissos que deixaram de respeitar a partir de 2013. A este valor acrescentam--se mais 1159 milhões de euros de perdas potenciais que os contratos acumulam até ao seu vencimento - o último termina em 2027.
Questionado sobre o tema, António Vieira Monteiro, presidente do BST, confirmou durante a apresentação de resultados do banco que o acordo com o Estado visou apenas a normalização dos pagamentos por parte das empresas, não tendo sido feita qualquer alteração aos mesmos. Os últimos dados oficiais consultados pelo DN/ /Dinheiro Vivo mostram que estes contratos já cobram entre 30% e 92% aos contribuintes, sendo que, segundo o Eco, três destes swaps já passam os 100% de juros.
Sobre estes níveis de juros, e perguntado sobre se sentia confortável em cobrar valores tão elevados aos contribuintes, Vieira Monteiro diz não ser esse o seu papel, antes o de cumprir contratos: "Não tenho de estar confortável ou deixar de estar", disse. O líder do Totta apontou também que o banco não obteve qualquer ganho na sequência do acordo com o Estado.
Lucros sobem 8,6%
Ontem, o grupo Santander apresentou os resultados relativos aos três primeiros meses do ano, com o negócio português a ver os lucros subir, ainda que em menor ritmo do que o registado pelo grupo. Segundo as contas apresentadas, o BST lucrou mais 8,6% até março, fechando o trimestre com um resultado de 124,3 milhões de euros - ou seja, 1,38 milhões por dia. Já o grupo espanhol fechou o trimestre com 1867 milhões de lucro (+14%).
Em conferência de imprensa, Vieira Monteiro realçou que a unidade portuguesa apresenta hoje um rácio de capital (CET1) de 15,3%, em termos provisórios, e de 14,7% em termos totais, destacando igualmente a evolução conseguida em termos de crédito vencido e crédito em risco, cujos rácios recuaram para 3,49% e 5,11%.
Um dos fatores que alimentou a subida dos resultados do Totta foi o registo de um novo corte nos custos operacionais, que caíram 8,8%, de 144 milhões para 131,3 milhões, poupança atribuída a "um forte controlo de custos", segundo a justificação da casa-mãe. A redução dos custos e o aumento do resultado contribuiu para o BST reportar atualmente um ROE de 13,6% e um cost to income de 45,7%.
Banca tem evoluído bem
Vieira Monteiro na conferência de ontem saudou ainda os recentes avanços na banca que atua em Portugal - capitalização da CGD e do BCP e a tomada do BPI pelo CaixaBank -, criticando porém o desfecho do Novo Banco: "Quem compra deve assumir os riscos", disse, criticando as autoridades por terem permitido que o fundo abutre Lone Star tomasse apenas 75% do ex-BES.