Sverrir Gudnason, a alma sueca na pele de Björn Borg

O DN ouviu os atores Sverrir Gudnason e o mítico Stellan Skarsgard sobre a rivalidade evocada em "Borg vs. McEnroe" que esta quinta-feira, 5 de outubro, estreia nas salas portuguesas.
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Um jogo de ténis pode valer duas horas de cinema? Pode, sobretudo se tiver tratamento dramático, tensão narrativa e profundidade emocional. Tudo o que Janus Metz consegue em Borg vs. McEnroe, a história da final de Wimbledon de 1980 entre o já lendário Björn Borg e o novato americano John McEnroe, filme aclamado no último Festival de Toronto, cidade onde o DN foi convidado para uma breve conversa com Sverrir Gudnason, de origem islandesa (um perfeitíssimo Borg), e o sueco Stellan Skarsgard (o treinador do sueco), atores encantados com o impacto que esta evocação está a ter.

O grande Stellan Skarsgard, mais habituado a produções americanas (Mamma Mia!, O Bom Rebelde ou os filmes da Marvel), respira de alívio por finalmente poder falar sueco num filme: "É muito divertido poder voltar a trabalhar em sueco. Nos últimos vinte anos tenho quase só trabalhado em inglês. Posso até dizer que o sueco é já praticamente a minha segunda língua."

Em Borg vs. McEnroe, o ator é Lennart Bergelin, o treinador que descobriu Björn Borg e que nunca o abandonou até ao final da sua carreira. Trata-se de uma interpretação sem falhas e capaz de atravessar vários arcos temporais, mas é Sverrir Gudnason quem impressiona de sobremaneira, sobretudo na placidez como compõe este Björn Borg.

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Um feito extraordinário que o coloca perante uma carreira internacional (o site IMDb já lhe deu o prémio de star revelação): "Demorei sete meses a ficar Björn Borg. A parte do cabelo foi fácil, já o tinha bastante longo. O que foi complicado foi a transformação física. Tive de aprender a jogar ténis e durante esses meses, todos os dias, tinha duas horas de treino! Depois, fui para Praga com o Shia LaBeouf, que interpreta o McEnroe, para aprendermos as jogadas dessa partida de 1980. Foi como que aprender uma coreografia."

Ambos os atores salientam que ainda hoje na Suécia Björn Borg é um deus, o maior ídolo desportivo de sempre. O tenista esteve na estreia em Estocolmo e terá aprovado o filme. Stellan faz um paralelismo com a forma como os suecos endeusam agora o futebolista Ibrahimovic: "A maneira como nós suecos tratamos os nossos ídolos é outra, mas o fanatismo por Ibra é gigante, ele é muito amado. O que se passa é que a nossa sociedade já não é tão monocultural."

Sverrir, já de cabelo bem curto, no final da conversa, revela a sua teoria para o facto de Borg ter desistido tão cedo: "Ele perdeu o seu mojo. Era um homem com demasiada pressão, tinha tanta fama como o Papa. Como mostramos no filme, nem segurança privada tinha." Sobre John McEnroe, está seguro de que a lenda americana também vai gostar do resultado final: "Fizemos um tributo a estes dois tenistas. Fizemo-lo com amor e respeito." Borg vs. McEnroe é um dos acontecimentos maiores desta rentrée cinematográfica, uma bela meditação sobre a alma sueca.

Em Toronto

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