Menino britânico em coma vai continuar com suporte de vida ligado após decisão do tribunal
O suporte de vida de Archie Battersbee, o menino britânico em coma desde 7 de abril após ter participado num desafio viral que correu mal, vai continuar ligado, depois de a sua família ter apresentado esta quinta-feira um requerimento para uma unidade de cuidados paliativos, avança a Sky News.
Os pais do rapaz de 12 anos tinham até às 9.00 horas desta quinta-feira para apresentar uma proposta ao Supremo Tribunal para transferi-lo. Caso não o fizessem, o suporte de vida seria desligado às 11.00. Agora ficam à espera a resposta do tribunal a esse requerimento.
Os pais do menino perderam esta quarta-feira um derradeiro pedido legal para impedir que os médicos desligassem o suporte de vida, uma vez que o Tribunal Europeu de Direitos Humanos recusou um pedido da família para intervir.
Archie Battersbee, de 12 anos, foi encontrado inconsciente em casa, com uma ligadura enrolada na cabeça, em 7 de abril. Os pais acreditam que poderá ter participado num desafio online que terá corrido mal.
Os médicos afirmam que Archie está em morte cerebral e que o tratamento de suporte de vida não vai ao encontro dos seus melhores interesses.
Os pais, Paul Battersbee e Hollie Dance, têm lutado, sem sucesso, para que os tribunais britânicos impeçam o Royal London Hospital de desligar o ventilador do rapaz e de parar outras intervenções que o têm mantido vivo.
A mãe disse que os advogados da família apresentaram um pedido ao Tribunal Europeu de Direitos Humanos, com sede em Estrasburgo, em França, horas antes de o hospital ter planeado começar a retirar a Archie o suporte de vida na manhã desta quarta-feira.
O tribunal disse que não irá "interferir com as decisões dos tribunais nacionais para permitir que a retirada do tratamento de suporte de vida [de Archie] prossiga".
Antes, Hollie Dance afirmou que a família "não vai desistir de Archie até ao fim" e que está a considerar ofertas do Japão e de Itália para tratar o rapaz.
"Há outros países interessados em tratá-lo e acho que ele devia ser autorizado a ir", frisou Dance.
O caso é o mais recente no Reino Unido que coloca a avaliação dos médicos contra as intenções dos familiares.
De acordo com a lei britânica, é comum que os tribunais intervenham quando os pais e os médicos estão em desacordo sobre o tratamento de uma criança.
Quando isso acontece, os direitos da criança sobrepõem-se ao direito dos pais para decidirem o que consideram melhor para os seus filhos.
O Supremo Tribunal do Reino Unido disse, na terça-feira, que Archie "não tem perspetiva de recuperação significativa" e que, mesmo com tratamentos contínuos, irá morrer nas próximas semanas de insuficiência cardíaca e falência de outros órgãos.
Os juízes concordaram, desta forma, com um tribunal inferior que já tinha considerado que a continuação do tratamento "serve apenas para adiar a sua morte".
Para já, o tratamento de suporte de vida de Archie vai prosseguir, de acordo com o diretor médico do Barts Health NHS Trust, que administra o hospital onde Archie se encontra internado.
"Conforme decidido pelos tribunais, iremos trabalhar com a família para que se prepare para a retirada do tratamento de suporte de vida, mas não faremos alterações aos cuidados de Archie até que sejam resolvidas as questões legais pendentes", afirmou Alistair Chesser.