No provável adeus de Bruno, foi Pizzi quem fez continência

O n.º 21 das águias, a par de Rafa, foi a grande figura na goleada por 5-0 ao Sporting que valeu a Supertaça. Leões foram completamente ao tapete na segunda parte.
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O Benfica goleou neste domingo o Sporting, por 5-0, e conquistou a Supertaça Cândido de Oliveira, o primeiro troféu oficial da temporada, num jogo realizado no Estádio do Algarve. A equipa de Bruno Lage confirmou as boas indicações deixadas na pré-época, diante de um leão moribundo que vai chegar ao início do campeonato (arranca já no dia 9) sem qualquer vitória somada na pré-temporada. E muito provavelmente sem o capitão Bruno Fernandes, que pode ter feito neste domingo o derradeiro jogo pelos leões.

Quem viu a primeira parte nunca pensou que o resultado pudesse terminar com uma goleada das antigas a favor do Benfica, já que no primeiro tempo, apesar de as águias terem chegado ao intervalo a vencer, o Sporting foi a equipa que mais perigo criou e obrigou o guarda-redes Vlachodimos a assumir o papel de herói. Mas, no segundo tempo, a sociedade Pizzi-Rafa, que já tinha construído o primeiro golo, reapareceu em grande e o leão foi completamente cilindrado.

Apesar de o Benfica à partida surgir com algum favoritismo - por ser o campeão nacional e pelos resultados e exibições registados na pré-temporada -, a verdade é que o Sporting de Marcel Keizer mostrou na época passada ser uma equipa com queda para vencer finais. Foi assim na Taça da Liga e depois na Taça de Portugal, sempre diante do FC Porto, e sempre no desempate por grandes penalidades. Mas desta vez o jogo ficou decidido nos 90 minutos e o desfecho permitiu ao Benfica igualar o rival em número de Supertaças conquistadas (oito), muito longe ainda do recorde do FC Porto (21).

O Benfica apostou no onze esperado (com o jovem Nuno Tavares, um esquerdino, no lado direito da defesa em estreia em jogos oficiais) e no Sporting Marcel Keizer optou por um esquema com três centrais (algo que Lage tinha previsto na véspera), com Neto a juntar-se a Mathieu e Coates no eixo defensivo, uma estratégia com intuito de anular os dois avançados do Benfica (Raul de Tomas e Seferovic). Desta forma o sacrificado foi o avançado Vietto.

Uma das imagens de marca deste Benfica tem sido a grande pressão exercida logo nos primeiros minutos. Mas o Sporting contrariou essa tendência e foi durante a primeira parte a equipa que mais rematou (oito contra cinco) e mais perigo criou. Só que na baliza dos encarnados esteve um Vlachodimos inspirado (como que a provar que o Benfica não precisa de ir ao mercado contratar um guarda-redes), que começou logo por evitar um autogolo de Ferro aos quatro minutos. E depois ainda se opôs com grande categoria a dois remates de Bruno Fernandes (28' e 38') - que falta vai fazer o capitão se sair, como tudo indica.

Só que numa equipa que tem valores como Pizzi e Rafa tudo pode acontecer. E foi assim que aos 40 minutos o Benfica chegou ao golo. Um passe teleguiado de Pizzi e um remate de primeira de Rafa de pé esquerdo sem hipóteses para Renan. E a equipa de Lage foi para o intervalo a vencer... apesar dos muitos sustos que foram sempre contrariados pelo seu guarda-redes.

Em desvantagem, pensou-se que Keizer pudesse abdicar do esquema de três centrais e lançasse Vietto para o início da segunda parte. Mas não houve alterações em nenhuma das equipas, num início de segunda parte marcado por três cartões amarelos de rajada (Grimaldo, Raphinha e Ferro).

O jogo ficou resolvido em apenas quatro minutos, com dois golos do Benfica. O primeiro de novo fruto da sociedade Pizzi-Rafa, só que desta vez foi Rafa a oferecer o golo ao rei das assistências aos 60'. E depois num enorme momento de Grimaldo, que marcou um grande golo na cobrança de um livre direto.

O jogo parecia irremediavelmente perdido e Keizer jogou todas as fichas, tirando o apagado Bas Dost e o central Coates e lançado no jogo Diaby e Luiz Phellype. Só que o leão jogava sob brasas diante de um Benfica completamente tranquilo, a impor o seu jogo sem dificuldades perante um adversário que parecia resignado. E foi com naturalidade que Pizzi bisou (a passe de Rafa) e colocou marcador em 4-0 a favor do Benfica, que ainda podia ter chegado ao quinto por Seferovic, não fosse a atenção de Renan Ribeiro. Não chegou por Seferovic, mas alcançou o quinto golo por Chiquinho, que tinha entrado momentos antes, selando a vitória perante um leão moribundo.

O apito final chegou e confirmou a conquista da Supertaça pelo Benfica diante de um Sporting que não ganhou qualquer jogo nesta pré-temporada, e que neste domingo sofreu uma pesadíssima derrota que pode deixar mossas na equipa em termos anímicos (o rosto e as lágrimas dos jogadores no final diziam tudo). E que pode ter perdido neste domingo o seu capitão... que voltou a ser o melhor jogador da equipa.

Há 33 anos que não se via um resultado tão desnivelado entre os dois rivais. A última vez que tal aconteceu foi em dezembro de 1996, nos célebres 7-1 aplicados pelo Sporting ao Benfica em Alvalade. Curiosamente, nesse mesmo ano, mas em março, o Benfica aplicou chapa cinco ao Sporting num jogo da Taça de Portugal.

A FIGURA: PIZZI

Que grande jogo do número 21! Foi o 'carregador de piano' do Benfica e formou com Rafa uma sociedade de impor respeito. Deu o 1-0 a Rafa (uma assistência magnífica) que permitiu às águias irem para o intervalo em vantagem. E na segunda parte abriu o livro, com dois golos e uma exibição de encher o olho. Não foi por acaso que no lançamento do dérbi o treinador Marcel Keizer o destacou.

FICHA DE JOGO

Jogo no Estádio Algarve, em Faro.

Benfica-Sporting, 5-0.

Ao intervalo: 1-0.

Marcadores: 1-0, Rafa, 40 minutos; 2-0, Pizzi, 60; 3-0, Grimaldo, 64; 4-0, Pizzi, 75 e 5-0, Chiquinho, 90.

Benfica: Vlachodimos, Nuno Tavares, Rúben Dias, Ferro, Grimaldo, Florentino, Gabriel (Chiquinho, 82), Pizzi (Taarabt, 82), Rafa, Seferovic e Raul de Tomas (Jota, 87).

Treinador: Bruno Lage.

Sporting: Renan Ribeiro, Thierry Correia, Neto, Coates (Diaby, 66), Mathieu, Acuña (Borja, 84), Doumbia, Wendel, Raphinha, Bruno Fernandes e Bas Dost (Luiz Phellype, 66).

Treinador: Marcel Keizer.

Árbitro: Nuno Almeida (Algarve).

Ação disciplinar: cartão amarelo para Acuña (20), Doumbia (32 e 89), Rúben Dias (45+2), Grimaldo (46), Raphinha (49), Ferro (50), Bruno Fernandes (62), Coates (62), Seferovic (70) e Raul de Tomas (72). Cartão vermelho por acumulação de amarelos para Doumbia (89).

Assistência: 28 636 espectadores.

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