Superliga Europeia. 900 milhões de euros só de prémio de participação?

Projeto com o OK da UEFA para substituir a Champions ainda está a ser discutido. Mas já se fala em números absolutamente astronómicos.
Publicado a
Atualizado a

São números nunca antes vistos. De acordo com o programa de rádio espanhol "El Partidazo", da rádio COPE, a Associação Europeia de Clubes e a UEFA continuam a estudar a hipótese de criação de uma Superliga a nível europeu e têm um grande trunfo a seu favor: só de prémio de participação os clubes podem receber 900 milhões de euros. A este valor astronómico há depois a juntar os prémios por vitórias e a repartição do bolo dos direitos televisivos.

Só para se ter uma noção da diferença dos prémios em relação à Champions atual, o Real Madrid, detentor do título, recebeu esta temporada de participação 50,7 milhões como bónus para premiar a prestação europeia nos últimos dez anos e mais 15,25 de participação, ou seja, um bolo de 65,95 milhões de euros.

Estes valores, contudo, que fazem muito especialistas de mercado torcerem o nariz. "É impossível pagar um valor destes [900 milhões de euros] por equipa, não há dinheiro para isso. Parece-me uma coisa mirabolante. Acho que isso só seria possível se acabassem com os campeonatos nacionais e os recursos fossem todos centrados nesta nova competição. Mesmo assim acho difícil", disse Jaume Roures, especialista em direitos de transmissão televisivos citado pelo jornal espanhol AS

A ideia tem vindo a ser falada de tempos a tempos, mas ainda sem resultados práticos. Recentemente, de acordo com o The Wall Street Journal, realizou-se uma reunião entre a UEFA e os clubes no sentido de discutir a remodelação da Liga dos Campeões.

Tudo indica que será desenhado um modelo com semelhanças com a Euroliga de basquetebol, em que há acesso limitado e com a competição a tornar-se semi-privada. Outra ideia é jogar nos fins-de-semana, até um total de 18 jogos por ano. Isso implicaria um aumento nos jogos do torneio e, em paralelo, a redução de jogos das competições nacionais.

Esta última proposta é a que gera mais dúvidas, com as ligas nacionais a temerem que isso possa ameaçar diretamente a sobrevivência e atratividade. Mas isto colide com o interesse da maioria dos grandes clubes, especialmente os das ligas que competem com a Premier League e têm que enfrentar o poder das equipas inglesas, com maiores receitas. Estes clubes vêem na nova Champions uma forma de encurtar a distância e equilibrar as condições económicas.

A ideia base desta Superliga Europeia foi recentemente desvendada pelo Der Spiegel, com base em documentos do Football Leaks. Esses documentos mostravam que existem 16 clubes europeus por detrás deste projeto: Real Madrid, Barcelona, Manchester United, Bayern Munique, Juventus, Chelsea, Arsenal, PSG, Manchester City, Liverpool e Milán surgem numa primeira linha, mas depois há também o Atlético Madrid, B. Dortmund, Marselha, Inter Milão e Roma, que seriam convidados. Esta competição teria duas fases: primeiro uma fase de grupos e depois eliminatórias. Seria ainda criada uma II Divisão, com possibilidade de os clubes subirem de escalão.

A acontecer, esta nova competição só poderá ser uma realidade a partir de 2024, data até à qual o calendário internacional aprovado conjuntamente pela UEFA e pela Associação Europeia de Clubes é válido.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt