Sumar baralha as contas das sondagens em Espanha

A plataforma da vice-primeira-ministra Yolanda Díaz estreia-se no CIS à frente do Podemos. No conjunto, apesar de dividida, a esquerda vence a direita.
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A plataforma Sumar, da vice-primeira-ministra espanhola e titular da pasta do Trabalho, Yolanda Díaz, estreia-se no barómetro do Centro de Investigações Sociológicas (CIS) à frente da Unidas Podemos, da ministra dos Direitos Sociais e Agenda 2030, Ione Belarra. Mas, apesar das divisões e da incógnita sobre uma possível candidatura conjunta de ambos os projetos às eleições gerais do final deste ano, a esquerda com os socialistas à cabeça continua a surgir à frente da direita.

Segundo os cálculos de abril do CIS, o PSOE do primeiro-ministro, Pedro Sánchez, surge com 30,4% das estimativas de voto, caindo 2,3 pontos percentuais num mês. O Partido Popular (PP), de Alberto Núnez Feijóo, tem 26,1%, menos 1,9 pontos do que em março. Feitas as contas, a diferença entre ambos diminui quatro décimas, para os 4,3 pontos percentuais. Em terceiro lugar está o VOX, de Santiago Abascal, que sobe um ponto para os 11,1%, dias depois ter falhado uma moção de censura ao governo.

Logo abaixo, com 10,6%, está a nova plataforma de esquerdas de Yolanda Díaz, que foi lançada oficialmente a 2 de abril. Já a Unidas Podemos (UP, aliança da Esquerda Unida e do Podemos) caiu dos 10% em março para os 6,7% em abril. Sumar e UP estão em choque por causa de uma eventual aliança eleitoral, não havendo acordo em relação à forma de celebrar primárias para decidir as listas. Mas há também disputa pelo controlo da aliança e a sobrevivência e independência de ambas as formações políticas.

O Sumar (somar, em português) quer precisamente juntar tudo o que está à esquerda dos socialistas. Estreia-se na quarta posição no barómetro às custas da UP - 36% do eleitorado da aliança diz agora que votaria na nova plataforma - e dos socialistas. Mas vai buscar votos também a outras áreas, como o Bloco Nacionalista Galego ou até ao Ciudadanos, ganhando ainda entre os novos eleitores.

O CIS é liderado pelo sociólogo socialista José Félix Tezanos, que tem sido criticado por "cozinhar" os números do barómetro - uma coisa são as intenções declaradas de voto, outra são as estimativas. Para calcular os números do Sumar, o CIS junta os votos na Esquerda Unida, Compromís, En Comú, Más País e Equo, deixando tudo o resto na UP, "de acordo com as respostas diretas dos inquiridos e a agregação dos partidos e organizações que já manifestaram a sua intenção pública de integrar ou apoiar uma ou outra opção".

Díaz, cujas origens estão no Partido Comunista e que chegou a ser coordenadora da Esquerda Unida, é a segunda ministra mais popular - só atrás da socialista Margarita Robles, da Defesa. Entre os líderes, é a mais bem avaliada, mas ainda tem nota negativa - 4,87, à frente de Sánchez (4,43) e de Feijóo (4,03). Em relação a quem os inquiridos preferem para chefe de governo, aí ganha o atual primeiro-ministro (21,3%), surgindo depois Feijóo (14,7%) e finalmente Díaz (13,5%).

susana.f.salvador@dn.pt

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