Sultão de Omã morreu e deixou envelope com nome do sucessor: o primo Tariq
"É com tristeza (...) que o sultanato de Omã chora (...) o nosso sultão Qaboos bin Said (...) chamado por Deus na sexta-feira à noite", indicou a agência, ao anunciar a morte do chefe de Estado, o líder que há mais tempo estava no poder no mundo árabe.
Sem pormenores sobre a causa de morte, a agência indicou que foram decretados três dias de luto, com paragem do setor público e privado, e um período de 40 dias durante o qual as bandeiras vão permanecer a meia haste.
O sultão de Omã sofria há vários anos de uma doença que nunca foi tornada pública, mas que várias fontes foram avançando tratar-se de cancro do cólon. O estado de saúde do monarca era uma questão muito sensível e mantida em segredo, à exceção de algumas viagens ao estrangeiro para exames ou tratamentos médicos.
Qaboos bin Said, herdeiro da dinastia Al Said que governa Omã desde meados do século XVIII, chegou ao poder em 1970, após liderar um golpe sem violência no qual contou com a ajuda dos britânicos para derrubar o pai.
Ao longo do seu reinado, o sultanato manteve-se afastado dos conflitos no golfo e no Médio Oriente, mantendo uma posição neutral entre o eixo sunita, liderado pela Arábia Saudita, e o xiita, encabeçado pelo Irão. Embora de baixa intensidade, foi o primeiro Governo do golfo Pérsico a estabelecer laços com Israel.
A sua sucessão era um assunto delicado devido à falta de descendência do monarca. Apesar de ter sido casado entre 1976 e 1979 com uma prima, Qaboos não teve filhos e não tem irmãos, pelo que não tem sucessor direto.
Publicamente o sultão nunca revelou o nome de quem gostaria que assumisse as rédeas do sultanato (a ideia é não minar a sua autoridade em vida), mas escreveu-o em dois envelopes: um no palácio real de Mascate e outro no da cidade de Salalah, no sul do país da Península Arábica.
No entanto, poucas horas após o anúncio da morte de Qaboos bin Said, o Governo de Omã anunciou que o seu primo Haitham bin Tariq, até aqui ministro do Património e da Cultura, foi empossado como sucessor de Qaboos e, portanto, novo sultão de Omã.
"Haitham bin Tariq prestou juramento como novo soberano (...) depois de uma reunião da família real que validou a escolha (de um sucessor feita pelo defunto) sultão", escreveu o Governo de Omã na rede Twitter.
Um comentador da televisão pública de Omã precisou que a família real tinha decidido abrir uma carta na qual o sultão Qabus bin Said, que não tinha filhos ou irmãos, designou o seu sucessor.
O novo governante de Omã, o sultão Haitham bin Tariq, prometeu já manter a política externa de não ingerência deste país árabe do Golfo, que segundo ele foi construída com base na coexistência pacífica e na manutenção de laços de amizade com todas as nações.
Num discurso transmitido na televisão estatal, Tariq também pediu esforços para desenvolver o país, um relativamente pequeno produtor de petróleo da região, continuando o caminho de seu antecessor Qaboos bin Said.