Suíços que venderam comboios à CP procuram empresas portuguesas para parcerias
Os suíços que vão vender 22 novos comboios regionais à CP estão à procura de empresas portuguesas para parcerias. A Stadler quer apostar no mercado lusitano no longo prazo e não afasta construir uma fábrica em solo nacional. Mas isso depende da concretização do plano de investimentos para a próxima década e também de possíveis parcerias com empresas de componentes e tecnológicas, revelou a fabricante esta terça-feira num encontro com jornalistas em Lisboa.
"Vemos Portugal com muito interesse e já trabalhamos há algum tempo no mercado. Acreditamos que Portugal se vai juntar ao conjunto de países europeus que vai dar preponderância à ferrovia como um sistema amigo do ambiente. O país tem uma rede empresarial muito competitiva e queremos desenvolver, em conjunto com alguns deles, a possibilidade de aderir à nossa rede de fornecedores e mundiais. É uma grande oportunidade para nós.", referiu o administrador da Stadler, Iñigo Parra, durante o encontro.
O também líder da empresa suíça para Portugal e Espanha adiantou estar a "explorar possibilidades de acordos com empresas portuguesas também na área tecnológica", muito elogiada por este responsável.
A Stadler vai fornecer à CP 22 novos comboios regionais, designados de Flirt: 10 automotoras elétricas e outras 12 bimodo (poderão circular também em linhas não eletrificadas). A empresa ainda não sabe onde serão construídos estes comboios, se apenas na fábrica espanhola de Valência ou se também serão incluídas as instalações da Suíça neste processo. Há perto de 2000 comboios Flirt a circular em 20 países.
O contrato com a CP vale 158,14 milhões de euros, menos 10 milhões do que estava inicialmente previsto. Só falta o visto do Tribunal de Contas para arrancar o fabrico dos comboios. A primeira unidade tem de chegar a Portugal até 4 anos depois da autorização daquele tribunal. Cada comboio terá três carruagens, com capacidade para 375 lugares, 214 dos quais sentados. A velocidade máxima será de 160 km/h (modo elétrico) ou 140 km/h (modo a gasóleo).
No futuro, porém, não está afastada a possibilidade de a empresa construir uma fábrica em Portugal. Mas isso não depende só das parcerias com empresas nacionais. "Sabemos que o Governo está a tentar impulsionar a indústria ferroviária nacional. Estamos a fazer uma análise muito séria, porque não procuramos acordos no curto prazo."