Os números recorde de entradas significam também um número recorde de saídas. O governo sueco reconheceu que deverá repatriar voluntariamente ou à força cerca de 80 mil migrantes, quase metade dos 163 mil que chegaram no ano passado ao país. Já a Finlândia, que recebeu 32 mil pedidos de asilo, prevê ser obrigada a expulsar quase 20 mil (62%). Segundo a Comissão Europeia, está a aumentar o número de pessoas que chegam à Europa sem ter direito a asilo - estão à procura de uma vida económica melhor, mas não correm perigo de vida.."Temos de nos ocupar o melhor possível dos que podem ficar, mas os que recebem uma resposta negativa devem partir", disse o primeiro-ministro sueco, Stefan Löften. "Temos um grande desafio à nossa frente. Vamos precisar de mais recursos para isto e temos de ter maior cooperação entre as nossas autoridades", indicou o ministro do Interior, Anders Ygeman. Nos últimos anos, a Suécia rejeitou cerca de 45% dos pedidos de asilo. Dos 13 mil migrantes que foram obrigados a sair em 2015, dez mil partiram voluntariamente e três mil à força..Para complicar a situação, os pedidos de asilo amontoam-se, com as autoridades a não terem capacidade para lidar com o volume de processos. Os mais recentes podem demorar entre 15 e 24 meses só a serem avaliados, alertam. A Suécia ainda está em choque com a morte de Alexandra Mezher, de 22 anos, esfaqueada por um rapaz de 15 anos num abrigo para refugiados onde trabalhava, em Gotemburgo..[artigo:5000075].Na Finlândia, o governo está a preparar diferentes centros para os que querem partir voluntariamente (quatro mil pedidos de asilo dos 32 mil recebidos em 2015 já foram retirados) e os que terão de ir à força. O processamento das entradas de 2015 ficará concluído em agosto, esperam as autoridades finlandesas, que em 2014 só aceitaram 44% dos 3651 pedidos de asilo recebidos..Ferry para a Turquia.A Holanda, na presidência da UE, está a estudar travar os refugiados logo à entrada na Europa. A ideia é reenviar para a Turquia, de ferry, os migrantes que chegam à Grécia, disse ao jornal Volkskrant o líder do Partido Trabalhista (na coligação de governo), Diederik Samson. Em troca, os europeus aceitariam receber anualmente centenas de milhares de refugiados sírios, dos dois milhões que estão na Turquia..A medida visaria travar o fluxo dos que arriscam a vida, por tornar a viagem inútil. "Todas as noites, as pessoas afogam-se porque entram num barco com gente a mais em condições meteorológicas desfavoráveis", lembrou. Na quarta-feira morreram mais 24 migrantes junto à ilha grega de Samos. Samson disse ainda que melhorar as condições dos refugiados sírios na Turquia permitiria que este país se tornasse seguro para as deportações..Renzi critica Merkel e Hollande.O primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, disse ontem com ironia que ficaria encantado se a chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente francês, François Hollande, pudessem resolver todos os problemas da Europa. "Mas geralmente não podem", afirmou ao Frankfurter Allgemeine Zeitung. "Se estamos à procura de uma estratégia europeia comum para resolver a questão dos refugiados, não pode ser suficiente que a Angela telefone ao Hollande e depois ao presidente da Comissão Europeia, Jean Claude--Juncker, e eu saiba do resultado pela imprensa", indicou Renzi..O primeiro-ministro reúne-se hoje em Berlim com Merkel. Renzi apoia a ideia do vice-chanceler, Sigmar Gabriel, de cortar na ajuda ao desenvolvimento para países do Norte de África que não estejam dispostos a aceitar de volta os cidadãos cujo pedido de asilo seja rejeitado.