Joseph Stalin foi preso, líder do protesto que depôs o presidente do Sri Lanka

Dezenas de outras pessoas já foram detidos pela polícia sob a acusação de danos à propriedade pública durante meses de protestos que culminaram com a invasão do palácio do presidente.
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Joseph Stalin, um importante líder sindical do Sri Lanka na linha de frente dos protestos que levaram à deposição de Gotabaya Rajapaksa da presidência do país, foi preso esta quarta-feira, revelaram testemunhas e autoridades.

O ativista que tem o nome do antigo ditador soviético é secretário do Sindicato dos Professores do Sri Lanka e tornou-se no ativista mais antigo a ser preso numa repressão contra manifestantes que forçaram Rajapaksa a fugir do país no mês passado.

"Ele está a ser preso por realizar uma manifestação em maio, violando uma ordem judicial", justificou a polícia no escritório do sindicato de Stalin, em Colombo, enquanto fazia a detenção.

Dezenas de outras pessoas já foram detidos sob custódia pela polícia sob a acusação de danos à propriedade pública durante meses de protestos que culminaram com a invasão do palácio de Rajapaksa, a 9 de julho.

Dezenas de milhares de pessoas indignadas com a crise económica do país insular invadiram o palácio de Rajapaksa e o seu escritório à beira-mar, forçando-o a fugir do país e depois renunciar.

O sucessor de Rajapaksa, Ranil Wickremesinghe, fez uma distinção entre "protestantes" e "manifestantes" e prometeu ação dura contra "qualquer causador de problemas". A polícia também prendeu outro manifestante que invadiu o armário de bebidas do líder deposto, bebeu uma cerveja e fugiu com uma caneca presidencial.

A prisão do homem de 43 anos ocorre depois de compartilhar uma foto sua no Facebook no Palácio Presidencial de Colombo, disse um polícia à AFP sob condição de anonimato.

O homem foi preso no início desta semana por suposta entrada ilegal num prédio do Estado e retenção de bens roubados. "Será levado a Colombo para ser julgado", disse o funcionário.

O palácio foi ocupado durante cerca de 10 dias antes de ser devolvido às autoridades. Na semana passada, a polícia prendeu outro ativista sindical do porto de Colombo por retirar duas bandeiras oficiais do palácio e usá-las como lençol. Foi identificado a partir dos vídeos que havia partilhado nas redes sociais.

Os 22 milhões de habitantes do Sri Lanka sofreram meses de longos apagões, inflação recorde e escassez de alimentos, combustível e gasolina. Rajapaksa foi acusado pelos manifestantes de administrar mal as finanças do país e a raiva pública ferveu durante meses antes das manifestações em massa que forçaram sua deposição.

Logo depois dos manifestantes invadirem o Palácio Presidencial, houve publicações nas redes sociais onde se viam ativistas na piscina presidencial e a pular em camas de dentro do amplo complexo.

Os manifestantes também entregaram às autoridades cerca de 17,5 milhões de rúpias (45,4 mil euros) em notas que foram encontradas numa das salas do palácio presidencial. No final do mês passado, os militares demoliram um acampamento de protesto do lado de fora do escritório do presidente que havia feito campanha pela deposição de Rajapaksa - uma medida que atraiu condenação internacional, acusando as tropas de usar força excessiva contra manifestantes desarmados.

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