A reunião entre o Presidente da República de Portugal, António de Spínola, e o homólogo norte-americano Richard Nixon, fez manchete no Diário de Notícias a 19 de junho de 1974, menos de dois meses após o 25 de abril.."O Presidente António de Spínola recebeu Richard Nixon nos Açores. Realçada a amizade entre as duas nações no encontro dos dois chefes de Estado", podia ler-se..Na altura, Spínola aproveitou uma escala técnica de Nixon, que regressava aos EUA de uma visita ao Médio Oriente, para realizar uma cimeira com o líder americano nos Açores. O general, já em rota de colisão com o Movimento das Forças Armadas e pendia cada vez mais para a esquerda, queria o apoio americano para a sua proposta de descolonização, que passava por uma federação entre Portugal e as colónias. Para isso era indispensável que os EUA estivessem dispostos a intervir - ou que pelo menos manifestassem essa disposição - em Angola contra o MPLA, o movimento independentista que, no xadrez da guerra-fri, representava os interesses da URSS..O teor das conversações ainda hoje continua classificado como secreto mas sabe-se que Spínola alertou Nixon para a crescente influência comunista em Portugal e para a ameaça iminente da queda de Angola e restantes colónias portuguesas em África na órbita soviética..Nixon, no entanto, já tinha caído em desgraça. Sabia que estava a prazo na Casa Branca devido às repercussões do caso Watergate - que, de um incidente menor na campanha eleitoral de 1972, se tinha transformado no maior escândalo político da história da América, acabando por levá-lo à demissão, dois meses depois. Por isso, Nixon não quis comprometer-se com Spínola e a cimeira dos Açores de 1974 foi um flop. O general do monóculo acabou por renunciar à Presidência a 30 de setembro do mesmo ano.