Spike Lee ativo a favor do filme "Vitalina Varela" na corrida aos Óscares
Em Portugal e nos EUA há quem faça campanha para Vitalina Varela ser o filme candidato português para o prémio da Academia de melhor filme internacional. A Academia Portuguesa tem a decisão no começo de novembro mas os "lobbys" estão ao rubro, sobretudo depois do muito credível site americano da especialidade, a Indiewire, apostar no filme de Pedro Costa como representante português.
Mais do que nunca, esta parece ser uma oportunidade única para finalmente Portugal ter um filme com reais chances nesta corrida. Os inúmeros prémios que tem arrebatado e o reconhecimento cada vez maior que Pedro Costa tem na América são mais do que suficientes para sustentar esta ideia, já para não falar que teve estreia no mercado americano, algo que nem sempre acontece com os nossos candidatos. E é importante lembrar que Mistérios de Lisboa, de Raul Ruiz, produção de Paulo Branco, foi inacreditavelmente esquecido em 2010/2011, tendo-se aí também perdido uma oportunidade de ouro.
"Segundo a Grasshoper Film, o nosso distribuidor americano, há uma forte mobilização dos canais independentes do cinema americano em torno do filme. Trata-se de um filme universal, com um tema atual e que faz sentido com o atual estado de lutas sociais no país. Vitalina Varela pode realmente chegar longe, enquanto possível candidato vai ter muito apoio, não só do distribuidor mas também da Criterion, a famosa "label" de Home-Cinema.", conta Abel Ribeiro Chaves, o produtor do filme.
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Continua: "O nosso distribuidor garante que a comunidade afro-americana do cinema vai apoiar o filme. O Spike Lee está bastante ativo nessa comunidade e todos já conhecem o filme. Dizem-me que mesmo quem não viu o filme já sabe da sua causa. Dos poucos filmes estreados ultimamente na América foi este que sobressaiu no circuito de cinemas independentes! Se o filme for escolhido vão fazer um esforço de promoção e de investimento na campanha..."
O DN sabe que o produtor já fez contactos com as entidades governamentais portuguesas, inclusive a ministra da Cultura, para salientar a importância de toda essa conjuntura. "Este é o melhor momento de sempre para termos um filme que possa chegar a candidato ao Óscar. Estamos a tentar mover todas as influências que temos para que as pessoas deem conta da importância do filme! Vamos até onde for necessário para defender este ponto de vista Todos temos de parar e pensar neste momento, não há à volta a dar. Nem é altura para pensar em umbigos e isto não tem a ver com vaidade. Tem a ver com a qualidade do filme e não se pode passar ao lado de uma obra que aborda o tema da inclusão desta maneira!", remata Abel Ribeiro Chaves, lembrando que o El País fez uma grande reportagem sobre o filme este fim-de-semana.
Vitalina Varela, vencedor do Festival de Locarno em 2019, recebeu outros prémios internacionais, chegou a muitos mercados mas na última edição dos Sophia, os prémios da Academia portuguesa, ficou a zeros, tal como já havia acontecido no anterior de Costa, Cavalo Dinheiro. Decididamente, o cineasta português mais aclamado não é um "querido" da Academia Portuguesa de Cinema.
Em alternativa a Vitalina Varela, o filme melhor posicionado parece ser Mosquito, de João Nuno Pinto, obra que teve a honra de abrir o Festival de Roterdão, mas Ordem Moral, de Mário Barroso, tem também muita qualidade, sem esquecer uma Maria de Medeiros sobejamente conhecida nos EUA. Quanto a O Ano da Morte de Ricardo Reis, de João Botelho, sem circuito internacional, tem menos hipóteses, mesmo quando se acena a bandeira de Saramago e Pessoa.
Trailer:
https://www.youtube.com/watch?v=5NFEWJjRpjs